
Num ensaio fotográfico realizado por Melina Matsoukas, parceira de longa data da cantora (que inclusive realizou o videoclipe da música “Formation”), a diva que é sempre muito reservada no que diz respeito à sua vida pessoal decidiu abrir-se um pouco mais e responder a perguntas feitas por fãs.
Eu esperava por mais IVY PARK. O que nos vai trazer com a parceria com a Adidas?
A minha mãe incutiu-me a ideia de que a criatividade começa com um salto de fé – dizendo aos nossos medos que eles não são bem-vindos onde estamos destinados a chegar. E tenho orgulho de fazer isso com a Adidas. Estou ansiosa que vejam a campanha da primeira coleção desta nova parceria. Ela incorpora o meu estilo pessoal e expande de forma a incluir algo para todos. Adoro experimentar com a moda, misturando alta e baixa, roupas desportivas com alta costura, até masculinos com femininos. Esta nova linha é divertida e presta-se à criatividade, o poder supremo. Eu concentrei-me em criar uma coleção unissexo de calçados e roupas, porque vi muitos homens com IVY PARK. A maneira como eles adotaram a marca foi um presente inesperado. Aprecio a beleza das roupas neutras em termos de gênero e a quebra das chamadas regras da moda. Eu arrisquei quando resgatei a minha sociedade nesta empresa. Todos temos auto-confiança para arriscar e apostar em nós mesmos.

Quando é que se sentiu confiante o suficiente para poder controlar a sua narrativa como artista e criadora?
Quanto mais madura, mais eu entendo o meu valor. Percebi que tinha que assumir o controle do meu trabalho e do meu legado, porque queria poder falar diretamente com os meus fãs de uma maneira honesta. Sempre quis que as minhas palavras e a minha arte viessem diretamente de mim. Houve coisas na minha carreira que fiz porque não entendia que podia dizer não. Todos nós temos mais poder do que imaginamos.
Conectei-me com a “Lemonade” e quase desmaiei quando vi o “Homecoming”. Você fez-me querer levantar e gritar seu nome! O que acontece com as pessoas que dão prémios? Ficou desapontada por não ter ganho? Porque sabe, comigo já ganhou.
Comecei a procurar um significado mais profundo quando a vida começou a ensinar-me lições que eu não sabia que precisava. O sucesso é diferente para mim agora. Aprendi que toda a dor e perda é na realidade um presente. Ter abortos ensinou-me que eu tinha que ser mãe de mim mesma antes de poder ser mãe de outra pessoa. Então eu tive a Blue, e a busca pelo meu propósito tornou-se muito mais profunda. Eu morri e renasci no meu relacionamento, e a busca pelo eu tornou-se ainda mais forte. É difícil retroceder. Ser “número um” deixou de ser a minha prioridade. A minha verdadeira vitória é criar arte e um legado que viverá muito além de mim. Isso é gratificante.

Porquê que se tornou realizadora? Já não é difícil suficiente ser a rainha que constantemente nos “arrasa”?
Obrigada. Realizar/produzir sempre fez parte do meu processo criativo. Eu sempre fui apaixonada por escrever roteiros de vídeos desde as Destiny’s Child. Em 2008, abri uma empresa de produção e sentei-me numa sala cheia de editores que me ensinaram a usar o Final Cut Pro. Passei um ano a editar e a criar “Life Is But a Dream”. Passei por centenas de filmagens de shows e essa experiência ensinou-me a amar o processo de criação. Eu amo como a edição de media pode levar-nos a uma jornada, que inspirou projetos como “Lemonade” e “Homecoming”. Adoro combinar imagens em estilo documentário com performances ao vivo e incorporar todos os aspectos da minha vida no filme.
Como é o seu processo de trabalho? Por onde começa? De onde tira as suas ideias?
Com novos projetos, reúno a minha equipa para uma oração. Eu garanto que todos fiquemos cientes em relação à intenção e qual é o significado mais profundo [do projeto]. Faço o meu melhor e tento empurrar todos ao meu redor a fazer o mesmo. Acabo dando tudo o que tenho. Quando é lançado para o mundo, deixo-lo lá porque não é mais meu.

Trabalhou com várias realizadoras. Porquê que isso é importante para si?
Melina Matsoukas inspirou-me a possuir e redefinir o que significa ser realizador. Como mulher, se formos muito teimosas, com muita força de vontade, qualquer coisa em demasia, você é desconsiderada. Vi isso acontecer com Melina, mas ela lida com respeito e graça. Melina é uma raridade; ela tem a sensibilidade de entender moda, fotografia, narrativa, história e cultura e é capaz de incorporar perfeitamente esses componentes no seu trabalho. Confiei na Melina por mais de uma década e criei alguns dos meus melhores trabalhos com ela – de visuais para a minha música a conteúdo de turnés e agora um ensaio de moda. Eu estava tão empolgada por trabalhar com ela nessa sessão para a ELLE, porque trabalhar com a Melina é fácil. Temos uma maneira natural de colaborar por causa de nossa amizade e respeito mútuo. Não há política, não há ego; é apenas estar no momento e criar arte incrível. Pioneiras como Kasi Lemmons, Julie Dash e Euzhan Palcy têm catálogos incríveis, e mulheres como Lena Waithe, dream hampton, Adria Petty, Diane Martel, Darnell Martin e Ava DuVernay contribuíram ao diálogo. Tenho sorte de ter trabalhado com a maioria dessas mulheres talentosas.
O que a stressa? Parece estar sempre no controle.
Eu acho que a coisa mais estressante para mim é equilibrar trabalho e vida. Garantir que eu esteja presente para os meus filhos – deixando Blue na escola, levando Rumi e Sir para suas atividades, tendo tempo para sair com meu marido e chegando em casa a tempo de jantar com minha família – enquanto comando uma empresa, pode ser desafiador. Fazer malabarismos com todos esses papéis pode ser estressante, mas acho que é a vida de qualquer mãe que trabalha.

Como cuida de si mesma? Você acredita em auto-medicação?
O nome da marca vem de onde eu construí a minha força e resistência quando jovem. Corri e treinei num parque, e esse estado de espírito ficou comigo todos estes anos. É o primeiro lugar onde aprendi a ouvir meu corpo. Muitos de nós crescemos a ver os nossos pais agirem como se fossem super-heróis. A maioria das mulheres foi condicionada a ignorar os sintomas e apenas “resistir” e concentrar-se em cuidar todos as outras pessoas antes de si mesma. Eu não sou mais uma dessas pessoas. Depois de uma gravidez difícil, levei um ano para concentrar-me na minha saúde. Eu pesquisei informações sobre medicamentos homeopáticos. Não coloco nenhuma receita no meu corpo. A minha dieta é importante e uso ferramentas como acupuntura, meditação, visualização e exercícios respiratórios.
Já reagiu a comentários negativos sobre si mesma?
Sim, sou humana. Em momentos de vulnerabilidade, tento lembrar-me que sou forte e preparada para isso. Graças a Deus a maior parte desse burburinho não me afeta depois de todos esses anos.
Seria possível encontrá-la num supermercado ou hipermercado como o Target? O que você compra?
A última vez que fui a um supermercado, parecia mais uma bodega, foi antes de um show da Madonna. Jay e eu fomos a um em Crenshaw e compramos algumas batatas Funyuns e tequila Cuervo. E… vocês sabem bem que se me veem na Target eu vejo-vos a tentar tirar fotos escondidas.

Existe alguma manhã em que lhe apetece pôr apenas um blusão confortável e dar um passeio sem segurança?
Eu faço isso!
O que faz com as suas roupas depois de usá-las? Estou certo de que não as usará novamente. Posso ficar com elas?
Eu acho importante ter ótimas roupas básicas que você possa usar repetidamente. Versatilidade é uma grande parte da linha IVY PARK e o que me inspira. Pode criar seu próprio estilo experimentando, arriscando e reinventando continuamente sua aparência com todas essas peças. Também doo minhas roupas pessoais a grandes instituições de caridade que apoiam as mulheres a se reerguerem. E guardo minhas peças especiais para minhas filhas! “Dou a minha filha meus vestidos personalizados, para que ela fique incrível. Essa peças serão vintage quando ela usá-las, yeah!!” [Referência à musica LOVEHAPPY do álbum Everything Is Love].
Após 25 anos de carreira, como você não se perde?
O previsível DNA de rockstar é um mito. Eu acredito que não preciso aceitar uma disfunção para ter sucesso. Isso não quer dizer que eu não tenha lutado. Eu tenho a mesma dor que a vida traz para todos os outros. Tento mudar o estigma que diz “com fama deve haver drama”. É a forma como nos relacionamos com as dificuldades e usamos isso para evoluir. E, eu tento manter pessoas de cofiança ao meu redor.
Como presidente e CEO da sua empresa, Parkwood Entertainment, quais são algumas das medidas que adotou para garantir que as mulheres executivas tenham o mesmo direito a opinião que o sexo oposto?
Sempre foi importante para mim contratar mulheres. Acredito em dar voz a pessoas que nem sempre são ouvidas. Um dos primeiros presidentes da minha empresa era uma mulher. Meu atual director geral, chefe de produção, chefe de relações públicas e outros líderes são mulheres. Contrato mulheres não para serem apenas vozes simbólicas na empresa, mas sim para liderarem. Acredito que as mulheres são mais equilibradas e pensam com compaixão ao decidir o que é melhor para os negócios. A maioria das mulheres é leal e compromete-se com 100% de acompanhamento.

Nos seus editoriais mostra muitos tons de pele negra, vários tamanhos de corpos e representação de membros da comunidade LGBTQIA. Por que a inclusão e a representação diversificada são importantes para si?
Para mim, trata-se de ampliar a beleza de todos. Eu raramente senti-me representada em filmes, na moda ou outras plataformas dos media. Depois de ter uma filha, tomei como missão usar a minha arte para mostrar o estilo, a elegância e a atração em homens e mulheres de cor. Estamos a viver um belo momento de verdadeiro progresso em direção à aceitação. Estou muito orgulhosa do progresso que tem sido feito na comunidade LGBTQIA e seus arredores. A masculinidade está sendo redefinida. As mulheres deixaram de competir com mulheres. Já não se esforçam para ser a melhor mulher do mundo. Elas esforçam-se para ser as melhores. Diversidade e inclusão vão além da raça.
Todo mundo muda de peso. Como se sente quando as pessoas comentam constantemente a sua aparência?
Se alguém me dissesse há 15 anos que meu corpo passaria por tantas mudanças e que eu me sentiria mais feminina e mais segura com minhas curvas, eu não teria acreditado nessa pessoa. Mas filhos e a maturidade ensinaram-me a valorizar-me além da minha aparência física e realmente entender que sou mais do que suficiente, independentemente do estágio em que estou na vida. Ligar o “f#da-se” é o melhor que se pode fazer e entender também que a verdadeira beleza é algo que não se pode ver. Gostava que mais pessoas se concentrassem em descobrir a beleza em si mesmas, em vez de criticar a de outras pessoas.
Qual cantor, vivo ou morto que gostaria de convidar para a sua casa e o que iria cozinhar?
Hummm. Eu chamaria Ella Fitzgerald, Aretha Franklin, Marvin Gaye, Stevie Wonder, Sade e muito mais. Comeríamos ostras e pizza.

Estive em todas as suas actuações a solo e com o Jay-Z. A Formation World Tour foi a minha favorita. Onde está o video [DVD]?
Há uns anos atrás, pedi ao Prince para gravar meu ensaio com ele para a nossa apresentação dos Grammy Awards. Ele disse: “Você não precisa gravar isso. Você possui isso em sua mente.” Haaaaaaa! Prince sempre soube mais! Sendo assim, você poderá assistir à Formation World Tour em sua mente; você possui isso!
Com todos os ‘chapéus’ que veste (presidente, artista, empresária) e todos os títulos que lhe damos (Queen, Yoncé), o que lhe traz a maior alegria?
Ser a mãe da Blue, Rumi e Sir.
O que lhe dá nojo?
Pessoas que mastigam de boca aberta quando comem.
Se você pudesse ser um animal por um dia, ainda seria uma baleia?
Eu ainda amo baleias. E eu amo estar no oceano. E aquele vídeo aconteceu após um dia de 16 horas de entrevistas. Não tinha fumado erva!!*
*Beyoncé refere-se a este vídeo da época das Destiny’s Child onde responde essa pergunta e durante anos fãs assumiram que a cantora estivesse alterada.

É hora do Corny Joke Time*. Qual é a sua piada?
What do you call a deer with no eyes? [Como você chama um cervo sem olhos?]
No idea. Get it? [Não faço ideia. Entendeu?]
NO-EYED-DEER [pronúncia semelhante a no idea]
Sinto muito. Blue vai-me matar por contar essa piada horrível.
*”Corny Joke Time” é uma brincadeira feita pela mãe da cantora, Tina Lawson, no Instagram, onde ela conta piadinhas tontas.
Prefere falar ou mandar mensagens?
Falar, mas confie em mim, nunca viu um texto mais longo que uma mensagem minha. Pergunte à equipa da Parkwood!
Qual é a sua música menos favorita de cantar?
Eu gosto de percorrer o meu repertório mais antigo quando preciso de uma pausa em relação a algumas músicas mais recentes. Sinto falta delas, trago-as de volta e apaixono-me novamente.
Quanto tempo leva para se arranjar?
O tempo que for necessário, melhor eu parecer-me com a Halle Berry.

O que você conseguiria comer por uma semana direto?
Oréos [biscoitos]!
Que pergunta você odeia responder?
Está grávida?
Saiam dos meus ovários!
Qual é a sua palavra favorita? E a menos favorita?
Menos favorita: Não.
Favorita: Porquê????
Você no karaokê, o que cantaria?
“Escape (The Piña Colada Song)” e “Hotel California” (o solo de guitarra é o meu favorito)!!
Cereal favorito?
Granola com nozes.
Flor favorita?
Orquídeas azuis.
Uma maquilhgem rápida?
Creme hidratante, um pouco de corretivo e um brilho para os lábios.
Qual é o seu user no Snapchat? Nós sabemos que está lá.
Detesto ter que dizer isto, e espero não parecer ridícula, mas não sei qual é o meu Snapchat. Desculpa ao Snapchat.
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