Dificuldade em dizer ‘NÃO’ e agradar a todos

Ndongala Denda
5 Min Read

O acto de querer agradar os outros é algo natural e espontâneo que tem em base receber um momento de felicidade, de partilha e satisfação entre as pessoas.

Tempos depois, quando a atitude deixa de ser natural e torna-se numa obrigação devido à constante necessidade de agradar em busca de aprovação ou receber algo em troca, o individuo tem um problema que requer uma intervenção especializada.

Para os psicólogos, o problema começa quando a pessoa sente uma necessidade extrema de agradar os outros e perde as suas reais características. Apresentar-se um problema, porque a pessoa só se concentra no acto de agradar para sentir-se aceite ou receber algo em troca. É como se a pessoa abstraísse-se de si mesma e foca-se neste objectivo.
Esta forma de estar na vida é prejudicial, porque o sujeito deixa de ser ele mesmo, de ser natural e espontâneo. Deixa de conseguir dizer ‘não’, passa a fugir dos conflitos e abdica de si pelos outros. Passa a viver numa sensação de que tudo se processa a curto prazo.

A necessidade de sentir-se aceite num grupo, pode levar que a pessoa se concentre no que esperam de si e esconda as suas qualidades positivas ou negativas com o medo da rejeição.

Estas pessoas agradam para receber algo em troca. Quando não conseguem receber o que pretendem, entram em frustração e ressentimento.
De registar que, estas pessoas podem tornar-se inseguras, depressivas, ansiosas, ter baixa autoestima e não terem condições de decidir por si, precisando sempre da opinião dos outros.

Tenhamos em conta que há situações em que temos de agradar os outros para que a relação funcione melhor, mas isso não quer dizer que façamos tudo, muito menos, que esperemos que o outro o faça. Tem de existir um equilíbrio entre o dar e o receber, procurando sempre o bem-estar e o prazer para ambas as partes.

Sinais que deve-se estar atento para saber se está a agradar demais os outros em prejuízo de si mesmo:
Quando se espera algo em troca;
Quando não há retorno e há frustração;
Quando se acredita que é necessário agradar para ser aceite;
Quando se deixa de lado as vontades e desejos pessoais;
Quando não se consegue identificar o que se gosta;
Quando os gostos são baseados nos de outra pessoa;
Quando se fica impossibilitado de dizer ‘não’;
Quando se diz ‘não’, mas se encontra uma justificação para o fazer ou se opta pela mentira;
Quando há necessidade de ser visto como alguém bom e simpático;
Quando há abuso por ser tão servil e generoso.

Importa sublinhar no que leva as pessoas a querer agradar os outros de forma excessiva o ocorre de forma irracional. Temos a necessidade de sermos amados e aceites. De acordo com Albert Ellis, criador da terapia racional emotiva, existem onze crenças irracionais comuns, como exemplo: “precisar de amor e aprovação de todos ao redor” ou “precisar ser amado e ter a aprovação de todas as pessoas importantes”.

Para este psicólogo americano, esta crença é comum, em diferentes graus, em todos os seres humanos, no entanto, em termos racionais todos “sabemos que agradar a todos é impossível e que isso não nos torna piores”. Quando a pessoa não identifica isso, abre mão das suas necessidades.

Segundo os especialistas, identificar a origem dessa conduta no indivíduo é um dos primeiros passos para melhorar esse aspecto. Outro ponto é analisar o que a pessoa está a fazer para que isso a impossibilite de mudar.

A pessoa que sofre com a necessidade de agradar os outros, não se apercebe desse problema e sente muita dificuldade em identificar este erro. Muitas vezes, são as pessoas no seu redor que a alertam para essa realidade e a aconselham a procurar apoio psicológico, o que é a base para começar a resolver o problema.

Share this Article