Vítima de um cancro do cólon há vários anos, Chadwick Boseman, actor que se tornou conhecido por protagonizar o filme “Pantera Negra” deixou-nos esta sexta-feira, 28 de Agosto, com apenas 43 anos.

O mesmo, lutava contra esta doença desde 2016 tendo falecido em casa ao lado da sua família. Para muitos, o actor era um símbolo inspirador do poder negro, um ícone global que abriu portas para que jovens negros acreditassem mais em si mesmo.
Nascido em Carolina do Sul, Estados Unidos da América, frequentou a British American Drama Academy em Oxford em 1998 e formou-se no ano de 2000 em Belas Artes e Direcção na Howard University, uma universidade conhecida em Washington por albergar estudantes maioritariamente negros.

Durante o seu percurso cinematográfico, Chadwick Boseman, teve a oportunidade de contracenar com grandes actores, como Harrison Ford, mas foi como T’Challa, no filme da Marvel “Capitão América: Guerra Civil” e posteriormente “Pantera Negra” que o actor viria a ser um sucesso planetário, batendo recordes de bilheteira.

Confira, de seguida, algumas coisas que a Chocolate Lifestyle descobriu sobre este magnífico actor.
Boseman queria, na verdade, ser um director, e só começou a estudar actuação porque queria entender como seria dirigir actores. Logo que voltou de Inglaterra, começou a dar aulas de teatro na Schomburg Junior Scholars Program, em um instituto de cultura negra no Harlem, em Nova York. Foi nessa época que ele começou a fazer pequenas participações em séries de televisão.
O histórico de peças de Chadwick Boseman é muito interessante. Em 2002, ele ganhou um importante prêmio do teatro americano pela peça “Urban Transitions: Loose Blossoms”. Romeu e Julieta também consta no currículo do actor que também dirigiu e escreveu peças com temática voltada ao Hip Hop.

Aos poucos, o futuro Pantera Negra começou a fazer várias participações em séries, como Lei e Ordem, CSI: Nova Iorque, Plantão Médico, Arquivo Morto, entre tantas outras. A experiência culminou nos primeiros trabalhos para o cinema, no qual Chadwick Boseman interpretou personagens reais: ele deu vida a Jackie Robinson (primeiro atleta negro a jogar na liga principal de Baseball) no filme “42: A História de uma Lenda”; foi o rei do funk James Brown no filme “Get on Up: A História de James Brown”; e Thurgood Marshall, o advogado que se tornaria o primeiro “presidente do Supremo” negro dos Estados Unidos da América.
No contexto do racismo (historicamente mais forte na região do sul dos Estados Unidos da América), o actor conta que viveu a vida toda em uma “vila” com a sua família numerosa e, que por isso, ele desenvolveu um senso de pertencimento muito grande.

Chadwick Boseman, por várias vezes, contou que adorava desenhar e pintar retratos e, por isso, achava que seria um desenhista ou arquitecto. Segundo ele, a ideia de ser director e roteirista vem justamente do fato de poder criar o seu universo. Aliás, ele estava quase por desistir da carreira de actor para se dedicar somente a dirigir peças e escrever, quando foi chamado para o filme “42”.
Quando jovem, o actor leu muitos autores negros, como August Wilson (autor da peça Fences, que virou o filme “Um Limite Entre Nós“) e James Baldwin. Outro livro importante que ajudou a formá-lo foi a Autobiografia de Malcolm X.

A história de como Chadwick foi chamado para ser o Pantera Negra foi mirabolante. Em entrevista contou que fez amizade com um segurança de um estúdio na Austrália, enquanto gravava o filme “Deuses do Egipto“, e sem nunca mencionar o Pantera Negra, ganhou do novo amigo uma revista do super-herói com um recado de que ele ainda seria o Pantera. Algum tempo depois, enquanto estava no tapete vermelho de Zurique para divulgar “Get on Up”, ele recebeu uma ligação com a proposta que aceitou de imediato. Aparentemente, a ideia de que ele deveria viver o Pantera já corria nos bastidores da Marvel por algum tempo.

O interessante foi saber sobre o pensamento que Chadwick Boseman teve sobre o sotaque africano que o astro decidiu empregar em T’Challa, o rei de Wakanda e super-herói. Segundo ele, dar esse sotaque foi fundamental para reforçar a ideia de que ele não se “curvou” ao colonialismo, ou seja, não foi educado na Europa, como a maioria das pessoas pensaria a respeito de um rei africano. Ele queria estar completamente certo de não contribuir com essa ideia [de que T’Challa foi educado na Europa] porque isso seria contra tudo o que Wakanda é. Ela deveria ser a nação tecnologicamente mais avançada do planeta, segundo ele. O sotaque que ele fez foi aprendido durante a gravação de “King: Uma História de Vingança”, thriller no qual Boseman viveu um personagem sul-africano.
Chadwick Boseman foi um fã incondicional de Stan Lee e Jack Kirby, criadores do personagem Pantera Negra. Ele não achava que era um problema o facto de que o seu personagem foi criado por desenhistas e autores brancos. Boseman analisava que isso apenas mostrava o quanto Stan e Jack tinham uma mente aberta (o Pantera Negra foi criado em 1966, em meio à luta pelos direitos civis nos Estados Unidos da América).
Por mais que o currículo do actor estivesse cada vez melhor, o facto é que ainda tínhamos visto muito pouco do seu talento. Chadwick Boseman tinha tudo para subir ainda mais na carreira e abocanhar muitos prêmios. Infelizmente, os filmes do actor não foram tão aclamados, e poucos souberam do quanto ele podia oferecer.
Colegas, amigos e admiradores manifestam com tristeza e enorme pesar, por todas as redes sociais, a sua partida.
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