Capoeira: dança de inspiração africana que mais parece uma luta entre bailarinos. Faz parte dos rituais diários de muitos brasileiros. Foi declarada património imaterial da humanidade em 2014 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Ela representa a resistência dos escravos à bruta violência a que eram submetidos em tempos coloniais e imperiais no Brasil.

No século XVI, milhares de africanos levados à força para o Brasil resistiam à sua nova condição de escravos praticando uma dança-luta acompanhada de música que evocava as suas raízes. Hoje, estes movimentos acrobáticos ressurgem nos arredores de Luanda onde praticantes de Capoeira Angola revivem aquele que será o estilo mais próximo do que seria “jogado”, na altura, pelos escravos.
Segundo os estudiosos, na origem da arte brasileira está uma dança tradicional do sul de Angola, o Engolo, praticada em roda, ao som ritmado de cânticos e batuques, tal como a Capoeira. A prática é acessível a qualquer um! É para adultos e crianças. Só não aprende quem não quer. Uma arte que nasceu como dança, mas era na realidade “uma luta para vencer o chefe”, com a música a ajudar no disfarce.

Existem 3 estilos de capoeira:
Capoeira Angola

A Capoeira Angola é uma dança que traz muita arte junta — um jogo feito no chão, com muita mandinga (truque), muito molejo (balanço) e muitas ligações fortes a Angola. Os estudos que têm sido desenvolvidos revelam muitas semelhanças entre a Capoeira e o Engolo, pelo que a arte brasileira terá sido um desenvolvimento daquilo que já existia. Esse estilo é jogado perto do chão, os seus movimentos são feitos em câmara lenta; o jogo de Angola é mais teatral, é mais disfarçado tem mais ritual, o maior propagador da Capoeira Angola foi Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha).
Além de muita interligação em movimentos, o Engolo tem também bateria como a Capoeira “tem palmas, tem cantoria” e, sobretudo, tem de ter muita energia.
Capoeira Regional

Foi criado por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba) quando ele percebeu que a Capoeira Angola estava a perder o seu valor enquanto luta, então juntou os movimentos da Capoeira Angola e do Batuque (luta do nordeste brasileiro já extinta), nesse tempo a capoeira era marginalizada no Brasil e por isso proibida, então na sua criação a capoeira regional era chamada de luta regional baiana, assim é a capoeira regional, nesse estilo os capoeiristas jogam em pé e os movimentos são muito rápidos, esse é o estilo de capoeira normalmente mostrado em apresentações.
Capoeira Contemporânea

‘É o que dizem ser capoeoira’. A partir da década de 1970, um estilo misto começou a adquirir notoriedade com alguns grupos unindo os factores que consideravam mais importantes da Regional e da Angola. Notadamente mais acrobático, este estilo misto é visto por alguns como a evolução natural da capoeira, por outros como descaracterização ou até mesmo má interpretação das tradições capoeirísticas.
Com o tempo toda a capoeira que não seguia as linhas da Regional ou do estilo Angola, mesmo as amalgamadas com outras artes-marciais, passou a denominar-se Contemporânea.

Mas falar de Capoeira não é só falar de movimento e de bateria.
É falar das histórias do passado porque muitos dos nossos ancentrais foram daqui para o Brasil — a Capoeira foi um mecanismo de luta de muitas pessoas. Num ambiente de opressão, os escravos encontravam refúgio na capoeira, o que ajudou muito na libertação do povo negro e serviu para lutar contra a repressão.
A arte esteve proibida até aos anos 30, mesmo após a abolição da escravatura em 1888. Hoje, já é património mundial. Nascida no Brasil, actualmente espalhada pelo mundo, ajudou a enfrentar a violência da escravidão e sobrevive hoje, orgulhosamente, como umas das suas principais manifestações culturais.
Os escravos levaram para o Brasil como dança e depois tornou-se Capoeira. O grupo é composto por um baterista, grupo de tocadores do principal instrumento, “o berimbau”, e percussões da roda de Capoeira. A música é a alegria da Capoeira. Cantar dá força e alegria aos jogadores e para quem está a apreciar. É como o passarinho que cantando alegra aos outros.
São os capoeiristas que fabricam os seus próprios instrumentos.
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