Que a moda é o mundo da reinvenção de estilos, já está provado, e o mundo das passerelles do país é feita por vários membros, como o pessoal de produção, modelos e estilistas – estilistas estes que enchem os nossos olhos com as suas colecções. E um deles é o consagrado José Rui Lopes, que é presença habitual nos maiores eventos da classe. E foi dele o modelo de vestido usado pela modelo internacional Maria Borges e que acabou por ser leiloado por mais de um milhão de kwanzas no evento Woman Power, a 6 de Dezembro do corrente ano.

Um ex-jogador que abraçou a moda há mais de 15 anos, altura em que regressou do Zimbabwe e acredita-se que seja o estilista angolano que mais participou em Fashion Weeks no estrangueiro. Em alturas de pandemia procurámos o grande Rui para saber o que tem feito e quais são os seus futuros planos.

CH – Qual o estado da sua carreira actualmente?
JL – A minha carreira vai bem, embora acredite que poderia estar melhor, não fosse a pandemia que cancelou muitos projectos e eventos. Continuamos com dificuldades em quase tudo e torna-se muito difícil trabalhar assim.
CH – E como tem gerido a pandemia?
JL – A pandemia não parou com os meus trabalhos. Quando começou, fizemos máscaras para proteger as pessoas do Covid-19 e neste momento tenho sido solicitado para trabalhos para alguns eventos. A vida não pára. O meu Atelier está sempre em movimento.
CH – Se a pandemia acabasse hoje, o que faria já amanhã no seu mundo profissional?
JL – Se a pandemia terminasse hoje voltaria a fazer mais uma edição do evento de moda solidária Rui Lopes & Amigos, que tinha um elenco muito pesado em termos de estilistas e modelos. Iria também participar de outros eventos internacionais que foram cancelados.
CH – Vemos algumas publicações com a top model Maria Borges, claramente prepara algum projecto. É segredo dos deuses ou já pode falar sobre ele?
JL – Eu e a Maria Borges temos estado a falar já há algum tempo. Estamos preocupados com o actual estado da moda em Angola, que precisa de uma nova dinâmica em termos de modelos, bons criadores, eventos, indústria têxtil etc. Como estilista preocupa-me a imagem ou prestígio que a moda que fazemos deve ter lá fora, assim como a internacionalização e valorização dos fazedores de moda. O futuro da Moda preocupa-nos. Temos de pensar na nova geração.
CH – Além de amor pelo que faz, o que o move a seguir com a carreira de estilista?
JL – Continuo com a carreira de Estilista porque gosto e sinto a responsabilidade que tenho para com o meu país. Sou uma marca. Preciso de maior divulgação na arena internacional para que Angola e Cabo Verde também sejam vistos como países a ter em conta na moda africana. Tenho muito amor e carinho pela nova geração. Desejo que eles aprendam bem connosco e atinjam patamares mais altos do que os que eu e outros da velha geração atingimos.

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