Breno Mayoyo Teixeira Lucano é um jovem fotógrafo aventureiro de 22 anos de idade, natural do Lubango – província da Huíla – que exerce carreira no ramo da fotografia há 6 anos e profissionalmente há 4 anos.

Breno fotografa profissionalmente casamentos, eventos sociais, corporativos, publicidades, porém, dentre estas, fotografar paisagens é o que mais ama fazer e isso é notório nas suas imagens maravilhosas e inspiradoras.
Numa entrevista descontraída para a revista Chocolate, Breno falou um pouco sobre o seu trabalho como fotógrafo explorador e como tudo começou.
“Comecei a fazer fotos em 2012, mas era mesmo amador, de pegar a câmara dentro de casa e fotografar o que me vinha à frente, principalmente fotografar a minha irmã depois dos cultos de Domingo na igreja. Ela pedia para fazer algumas fotos e eu fazia, assim na inocência, como quem não quer nada. Daí em 2013/2014 ganhei uma câmara bem mais avançada que a de 2012 – que não era minha mas sim do meu irmão – e comecei a postar mais.

Fotografava algumas actividades na igreja, saídas com os amigos e pronto. Em 2015 fui entrando mais para essa área e comecei a fotografar os meus colegas de escola, algumas pessoas já pediam para fazer fotos e pagavam um valor simbólico, o que era bom para mim.
Fazia fotos do pôr do sol, fazia fotos das plantas, fazia fotos de tudo, era inocente e sem me aperceber eu estava a entrar para este ramo, estava a ganhar amor por aquilo que fazia. Nos finais de 2016 entrei para um estúdio fotográfico de modo a aprender um pouco mais daquelas pessoas que já tinham um pouco mais de experiência e trocar um pouco de ideias.

Outra fonte de inspiração para começar a fotografar também foi um dos maiores – eu digo: é o melhor fotógrafo de Angola: Jessé Manuel. Eu via as fotos dele e aquilo de certa forma me inspirava, eu seguia várias páginas do insta de viagens e comecei a descobrir o valor turístico que o nosso país tem, daí, entrei na área das viagens.
O ano de 2016 foi um ano que eu aproveitei também para aprender mais, ainda estava a estudar, então aproveitava para trocar ideias com outros fotógrafos, principalmente Brasileiros, eu estudava muito sobre fotografia porque a paixão já estava mesmo a subir então eu precisava de obter informação porque fotografia não era só apertar no botão, então eu precisava de saber como fazer fotografia profissional, inscrevi-me em alguns cursos que havia na Internet – tudo online – e ia marcando algumas saídas e fazendo perguntas a pessoas que já estavam na área. Em 2017 entrei no ramo da fotografia de casamentos e comecei a trabalhar com noivos, até agora.

Praticamente 2018 foi um dos anos em que não fiz nada, dei uma pausa nos estudos para poder conhecer um pouquinho mais desta área que é a fotografia, para poder estudar mesmo a sério e foi um ano muito proveitoso.
No ano de 2019 já fazia eu algumas viagens por algumas províncias do país, eu não conheço ainda a maior parte das províncias, estou mais na parte Sul do país porque na época ainda não tinha muitas possibilidades de viajar e conhecer vários sítios, porque fazíamos sempre com os nossos meios – o que é algo ainda muito difícil no nosso país, poder conhecer Angola é muito difícil porque basicamente não temos muitos apoios, mas nós não ficamos ‘naquela’ de não ter apoio e ficarmos com os braços cruzados, tentamos fazer algo que hoje em dia é mostrar as maravilhas, as potencialidades turísticas que esse nosso país nos oferece, que são muitas – e de certa forma mostrar aos outros Angolanos que o nosso país tem muito a oferecer.

Pela fotografia venci o prémio da UNICEF África 2019, representei Angola neste concurso sobre os direitos da criança. Dia 20 de Novembro assinalou-se o dia dos direitos da criança, foi neste dia no ano de 2019 que eu fui para Luanda, houve uma actividade no Memorial Agostinho Neto e por eu ter vencido este concurso de fotografia, tive como mentor o fotógrafo Mauro Sérgio.

Os passeios que eu fazia, eram feitos em grupo, fazia com os meus amigos, há um sítio bonito para explorar principalmente aqui na província da Huíla, na qual eu me encontro, cheguei a explorar muito sítios aqui com os amigos, alguns fotógrafos com essa paixão pela natureza, por descobrir novos lugares, mas hoje em dia eu já não faço isso sozinho ou com certos amigos.

Hoje eu trabalho numa agência de turismo e viagem, que é a Okuya adventures, que é basicamente isso: levar as pessoas para lugares como de momento a província da Huíla e Namibe. Hoje eu faço as viagens com a Okuya, já sou guia de turismo e nos próximos anos vamos expandir-nos mais para outras províncias, mas agora estamos limitados à Huila e ao Namibe.

Já fui ao Kwanza Sul conhecer as cascatas do Binga, já fui a Benguela, não explorei tanto as praias – mas pretendo. Conheço uma boa parte de todos os cantos turísticos da província da Huíla e acho que sou uma das pessoas ideais para falar de turismo aqui na província porque reconheço muitos espaços de outros sítios, tenho acompanhado o trabalho de muitos fotógrafos e não posso falar de turismo e não falar do Views of Angola, que é uma das páginas no Instagram que mais tem levado a imagem Angola para fora, é uma comunidade de fotógrafos e amadores, pessoas que amam Angola.

De Angola não sou a pessoa ideal para falar porque ainda me faltam alguns meios por não conseguir visitar ainda todas as províncias, porém tenho visitado a parte Sul, que já me permitiu fotografar a província do Cunene, Kwanza-Sul, Namibe, Huíla, Huambo. Pretendo no próximo ano visitar mais a parte Norte e Leste porque acredito que Angola tem muita coisa ainda para se explorar e os Angolanos precisam de conhecer Angola e de certa forma precisamos de nos identificar com aquilo que é nosso.

É algo que me deixa muito triste às vezes, porque gastamos dinheiro na diáspora para fazer turismo lá fora enquanto que poderíamos fazer o turismo local, porque eu acredito que o turismo poderia ser o petróleo de Angola pois existem muitos países que vivem do turismo e são países vizinhos como a Namíbia, África do Sul, e alguns deles têm água dependente daqui e Angola tem muitos rios e várias maravilhas, por isso eu acredito que se apostasse mais no turismo, melhoraria muita coisa no país.

Um dos grandes objectivos com as fotografias que eu faço em Angola, pelas províncias, é o de certa forma de inspirar outras pessoas, fazendo que os angolanos sintam orgulho de ser angolanos pelas maravilhas e potencialidades turísticas naturais que nos temos, porque nós temos de tudo: desde deserto do Namibe que é o mais antigo do mundo, cascatas, rios, praias lindas e uma gama de sítios turísticos maravilhoso e quase que maior parte deles ainda não foram explorados.





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