Dos bastidores aos palcos e telas, é assim que se define a arte de Fernando Domingos Martins Quissola, artista caracterizador há 19 anos. Filho de Domingos Martins Quissola e de Maria Teixeira Bumba, nasceu em 10 de Novembro de 1990.

Fernando Quissola, como é muito conhecido, em conversa com a revista Chocolate, falou-nos da sua arte de caracterização, conhecida também por “maquilhagem artística”. Uma encantadora arte que consiste em modificar o rosto ou uma outra parte do corpo, com a finalidade de dar ao actor a característica necessária à personagem para uma aparição em cinema, teatro e televisão.
Acompanhe a entrevista:
CH: Quando e como entrou para o mundo da arte?
F.Q: Entrei no mundo da arte em 2009, no grupo teatral Nguindo Zeto, do qual hoje sou o director geral, foi a convite do encenador Albano Bimbe.
CH: Gosta da arte que faz? E como surgiu gosto pela mesma?
F.Q: Gosto de fazer o que faço e o gosto pela arte surgiu de forma natural, a princípio era para me ocupar nos tempos livres, mas depois descobri que ali era o meu lugar.
CH: Fale-nos dos trabalhos que já fez.
F.Q: Como caracterizador, já trabalhei com tantos grupos e projectos que já perdi a conta.
No cinema trabalhei para os filmes “Falso perfil”, “Chaduka”, “Calvário de Joceline”, “Mwana Nketo”, “Mutu Mbi”, entre outros.
Na televisão: “Casei com a Família”, “Salão de Beleza” e “O rio”;
Publicidade: “Tá Kuia, da Movicel” com Neru Americano, “Batatas Palancas”, em todas as campanhas de sensibilização do “Avô Ngola”.
No teatro: Trabalhei com todos os grandes grupos de Angola e projectos.
CH: Trabalha há quanto tempo como caracterizador?
F.Q: Eu trabalho como caracterizador desde 2013.
CH: O que é que a arte representa para si?
F.Q: Para mim arte é sem sombra de dúvidas o continuar da existência humana através da concretização neural através do palco, tela ou outro meio.
CH: Como é que consegue conciliar a vida profissional com a familiar?
F.Q: Quando se faz por amor ou até mesmo chamado encontra-se sempre um modo de conciliar que não é fácil.
CH: O que é que mais gosta de pintar?
F.Q: Tenho uma queda por cultura africana, então sito-me realizado quando faço uma caracterização que tem a ver com as nossas culturas.
CH: Quais são as suas inspirações para fazer a sua arte? No que é que pensa?
F.Q: Antes de mim existiram pessoas que começaram o que faço. Tenho maior admiração por Rick Baker, Dick Smith (já falecido) e por todos artistas que fazem arte africana.
CH: Há alguém que lhe sirva de inspiração no tipo de arte que faz? Quem?
F.Q: Sim. Na arte de representar, quase todos que estão em Angola. Sílvio Nascimento, Jaime Joaquim, Quim Fasano, Nelo Jazz, Micaela Reis, entre outros.
CH: Como avalia as artes em Angola? Em especial a que faz.
F.Q: Tem dado passos, mas estaria bem melhor se tivéssemos apoio do executivo ou se o governo criasse políticas de apoio às artes.
CH: Quais são as maiores dificuldades encontradas na sua área de trabalho?
F.Q: A principal dificuldade é mesmo a falta de apoio e incentivo a todos os níveis.
CH: Se pudesse mudar alguma coisa na sua área de trabalho, o que é que mudaria e por quê?
F.Q: Se pudesse mudar algo, seria a forma de pensar arte por parte dos nossos dirigentes
CH: Normalmente, quais são os materiais que usa para fazer a sua arte?
F.Q: Sangue artificial, massa dérmica, látex, mastix, pele, cabelos e outros.
CH: Quais são as técnicas que usa normalmente? E por quê?
F.Q: Para cada efeito, uma ou mais. Por exemplo, para envelhecimento podes usar a técnica de luz e sombra ou látex.
CH: Quando pinta, o que é que pretende transmitir?
F.Q: O meu trabalho é muito virado para situações concretas, por exemplo: se o guião diz que o actor tem um ferimento no joelho, é o ferimento que faço e é quase sempre assim, salvo aqueles casos em que estou a fazer criações pessoais, onde formalmente faço trabalhos que têm a ver com a valorização da cultura africana.
CH: Há algum trabalho que tenha feito e lhe tenha marcado em especial? Fale-nos dele.
F.Q: O trabalho que fiz e me marcou foi um em que eu criei um efeito de cortar a pessoa ao meio. O meu pai ficou maravilhado, aplaudiu e a partir daí passou a valorizar o meu trabalho.








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