Aquiles Venâncio Bento Epólua é natural do Lubango, na província da Huíla e formado em Contabilidade e Administração pela Universidade Agostinho Neto, Faculdade de Economia.

Executivo Sénior de uma multinacional, profissionalizou-se no Fisiculturismo como segunda profissão, modalidade que praticou por vários anos apenas como Hobbie.
Há quanto tempo pratica a modalidade de fisiculturismo?
Comecei a competir no fisiculturismo na categoria bodybuilding em 2018 como amador e desde então não mais parei. No entanto, a minha relação com o ginásio retroage há mais de 15 anos ainda no bairro do Sambizanga, banda que me acolheu tão logo migrámos para Luanda.
Como e quando nasceu a paixão pelo fisiculturismo?
Ao longo dos anos em que frequentei ginásios, anteriores a 2018, comecei a criar uma paixão pelos atletas internacionais, como Phil Heath, Ronnie Coleman e Arnold Schwarzenegger, só para citar alguns. Contudo, em 2017 comecei a treinar no Luanda Sport Center, Talatona e lá conheci atletas angolanos que já competiam – Mario Faria Santinho e Big Faria.
Eu observava-os a treinar e admirava o corpo deles. Era um sonho ter o fisico deles. Foi então que me aproximei pelo Mario Faria e comecei a treinar com ele e este, vendo a minha entrega, incentivou-me a levar a modalidade mais a sério e a começar a competir. Aceitei – e foi então o princípio desta trajectória jubilante.
Quer a nível nacional, quer jnternacional, quais foram as competições nas quais já participou?
Campeonatos Nacional
- Em Angola, comecei a competir em 2018 e quedei-me no 6º lugar, na categoria bodybuilding até 80kg;
- Em 2019, competi na categoria bodybuilding até 90kg e quedei-me na 4ª posição;
- Em 2021, competi no Nacional, bodybuilding acima dos 90kg e conquistei o 2ª lugar;
- Em 2022, em Maio, voltei com tudo e competi na categoria de elite do fisiculturismo que é a Open Bodybuilding (mais pesada) e conquistei o 1º lugar, ou seja, Campeão Nacional de fisiculturismo na Categoria Open Bodybuilding.
A vitoria no Nacional deu-me a passagem/qualificação directa para competir no Arnold Classic South Africa.
Campeonatos Internacionais
Arnold Classic South Africa, 5 de Maio de 2022
No Arnold Classic South Africa, ainda como amador, competi na categoria bodybuilding até 90KG e conquistei o pódio, 1º lugar. Tendo várias categorias por pesos (até 75kg; até 80 kg; até 90 kg e acima de 90kg), os vencedores dos vencedores, ou seja, todos os primeiros classificados disputaram o Overall (o vencedor dos vencedores) onde eu, de forma estrondosa, venci o Overall Bodybuilding, feito inédito, já que nenhum angolano o tinha conseguido antes.
Esta vitória qualificou-me para a atleta profissional da ELITE PRO IFBB, Federação Internacional de Fisiculturismo. Essa vitoria foi tão magnífica que o presidente da IFBB Internacional convidou-me especialmente para competir em Barcelona no Mr&Mrs Universe, prova que não cheguei a fazer por razões de Visto.
Campeonato Mundial, Arnold Classic Europe
Logo a seguir, recebi o convite para competir no Mundial de Espanha, Sevilha, como profissional em estreia. Um mundial bastante disputado, de atletas com vastas experiências em palcos internacionais. Conquistei então o título de Vice-campeão mundial de bodybuilding até 95 (entre 15 atletas de várias partes do mundo).
Fale-nos da sua participação no Mundial Arnold Classic.
O Campeonato Mundial é a maior montra da nossa modalidade, a mais almejada competição que acontece anualmente e reúne os “titãs” deste desporto. O que em si já é muito prestigiante. Portanto, a sensação de lá estar é prestigiante.
Isto à parte, eu fui determinado a ganhar o primeiro lugar, quando subi naquele palco dos sonhos apercebi-me que era o eleito da plateia. Levei o meu melhor shape, trabalhei duríssimo, portanto, só poderia ambicionar o 1º lugar. Mas o corpo de juízes tem critérios próprios e normalmente eu respeito a decisão dos mesmos. O 2º lugar sabe-me a 1º de todo.
O que é que significou para si?
Em breves palavras, significou um privilégio e honra, por outro lado representa a recompensa por tanto sacrifício e trabalho árduo que tenho desenvolvido ao longo dos últimos anos com objectivos de ser o melhor e concomitante ganhar trofeus.
Das competições em que participou, qual delas o marcou de forma especial? Por quê?
Claramente o Arnold da África do Sul, o mundo todo se curvou ao shape brutal, bem como à performance apresentada. Ganhei o público em grande parte e no backstage os atletas dos outros países, em uníssimo reconheceram a minha vitória.
E para fechar em grande, o presidente da IFBB fez questão de, enquanto me entregava o título de vencedor do Overall, elogiar-me bastante e convidou-me para a semana seguinte competir no Mr & Mrs World, uma prova restrita, somente reservada aos atletas de elite, escolhidos a dedo.
Tem alguma inspiração nacional ou internacional dentro do fisiculturismo?
Em Angola, tenho um pequeno grupo de atletas que me inspiraram a entrar neste desporto, nomeadamente, Mario Faria (Pai da Simetria), Big Faria, Mestre Pitchu e o Ruben Suana Marcão. Peguei um pouco de cada um deles para alicerçar a minha relação com esse magnifico desporto.
A nível internacional, apesar de o leque ser bem maior, sou admirador do lendário Ronnie Coleman, que é para mim o melhor fisiculturista, bodybuilder de todos os tempos. Portanto, Coleman é a minha inspiração número 1. Poderia arrolar outros como Phil Heath, Flex Wheeler que teve o azar de ter como maior adversário o Coleman, que por este facto nunca chegou de ganhar o Mister Olympia (a maior competição do mundo de fisiculturismo da IFBB Pro league, fortemente patrocinada pela NPC)
O que representa o fisiculturismo para si?
Eu poderia limitar-me à resposta clássica, que se trata de um estilo de vida, mas para mim, hoje, é muito mais do que isso. Hoje o fisiculturismo é indissociável da minha vida; é como se fosse “o escape” para o motor da minha que na medida em que reduz ou afasta-me dos ruídos gerado pelas várias “malambas da vida”, permite que eu respire à medida em que as quilometragens do tempo vida se vão esgotando.
Agarrei-me a este desporto como refúgio e ainda que com o tempo eu deixe de competir, pretendo continuar a servi-lo ou a apoiar o seu desenvolvimento em Angola e pelo mundo.
Qual é o seu objectivo enquanto fisiculturista?
Enquanto desfruto das alegrias desse desporto, vou ganhando títulos – este é, portanto, o meu objectivo em pouquíssimas palavras. E com isso, vou influenciando as pessoas a deixarem de olhar pejorativamente para quem pratica este desporto ou tem-no como sua profissão.
Visto que o fisiculturismo em Angola tem ganhando mais notoriedade, na sua opinião, o que falta?
Falta apenas uma mãozinha do Executivo ou do Estado em primeira instância e não menos importante: o aumento de interesse de empresários e não só, em patrocinar os atletas, que na sua maioria só não chegam mais longe justamente por falta de condições financeiras.
Tenho visto, por exemplo, empresas vendedoras de materiais desportivos ou bebidas energéticas a optarem por contratar um artista, seja este músico ou outra profissão, para publicitar algo cujos resultados nem sequer experimentaram, quando temos muitos atletas com as métricas necessárias para assertivamente publicitarem tais produtos ou serviços.
A mim, não faz muito sentido. E não me venham com a velha de que os atletas não se têm feito a tais oportunidades, quando muitas vezes batem tais pseudo portas e sistematicamente são rejeitados e dispensados por outras pessoas. É um dilema que temos que trabalhar para educar os empresários e o público de modo geral.
7 dicas para quem deseja praticar o fisiculturismo de forma saudável.
Um investimento necessário para uma vida presente e futura mais saudável, portanto, só posso encorajar as pessoas as aderirem à prática do desporto de modo geral – da musculação ou do fitness.

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