A história de Anselmo Silvestre, mostra que a profissão não define género quando o talento fala mais alto. Além de se tornar o primeiro chef executivo da LSG Sky Chefs de Angola, é também o primeiro angolano a fazer parte da empresa de catering independente mais antiga do mundo (LSG Sky Chefs Internacional) na especialidade de catering de aviação.

Anselmo Silvestre é natural de Luanda, formado em Gestão de Hotelaria, Varsity College, Culinária e Pastelaria pela South Africa Chef’s Academy. Com 30 anos, diz que está habituado a lidar com as adversidades e diferenças culturais e sendo assim, conta à revista Chocolate como tudo começou até ganhar o título de Chef Executivo da LSG Sky Chefs de Angola.
1 – Como surgiu a paixão pela cozinha?
“Para ser honesto, nunca foi um sonho seguir este ramo. Embora sempre tenha sido apaixonado pela cozinha. Desde muito pequeno, a minha ideia era estudar engenharia, mas eu dizia que tinha de aprender a cozinhar porque um dia iria morar sozinho e teria de saber cozinhar para não passar fome em casa. Porém, longe de mim saber que este desejo um dia se tornaria uma profissão. Lembro-me bem que antigamente eu ajudava a minha mãe na cozinha e achava aquilo interessante. E hoje estou muito feliz como a minha escolha.”
2 – Por escolher ser profissional de cozinha, alguma vez sofreu bullying, ou recebeu comentários negativos por parte das pessoas?
“Admito que quando comecei eu recebi muitos comentários negativos sobre a escolha do curso que fiz. Muitos disseram que era um curso para mulheres e que para aprender a cozinhar não era necessário ir para uma escola. Por outro lado, eu tive sempre o apoio da minha mãe (meu maior suporte) e algumas pessoas chegadas e isso fez toda a diferença.”
3 – Há quanto tempo é especialista em catering de aviação?
“Bem, na realidade, esta nova fase da minha carreira começou este ano, em fevereiro de 2023, quando eu recebi o convite para fazer parte deste projecto. Posso assim dizer que é completamente diferente daquilo que andei a fazer durante esse tempo. Mas tem sido um bom desafio e veio no momento certo. Estou feliz por abraçar este projecto.”
4 – Conte-nos um pouco da sua trajectória profissional até ao cargo de chef executivo da LSG SKY CHEFS EM ANGOLA e único angolano na LSG SKY CHEFS INTERNACIONAL.
“Antes de abraçar este projecto, eu passei por várias casas, tive a oportunidade de trabalhar nos restaurantes Coco Safar, na área de pastelaria – e no Village Idiot, no cargo de Sénior chef, ambos na Cidade do Cabo, África do Sul. Em 2017, dei um relevante salto na minha carreira ao juntar-me ao restaurante La Colombe, considerado o melhor restaurante da África do Sul, onde tive o privilégio de aprender uma culinária com influências de vários pontos culturais. Adicionando ao meu leque de experiências, tive uma passagem pelo Restaurante Protege (um dos restaurantes do grupo La Colombe).
Também tive o privilégio de realizar um jantar de assinatura com o premiado chef Henrique Fogaça, jurado do show de culinária Master chef Brasil e proprietário de vários restaurantes. Durante dois dias, trocámos experiências e fizemos um fantástico e memorável jantar. Em 2021 mudei-me para Angola – Luanda e assumi a cozinha do restaurante Espaço Luanda por dois anos. Em fevereiro de 2023 recebi o convite para trabalhar na LSG SKY CHEFS como o Chef Executivo. Actualmente, no cargo de Chef Executivo, eu sou o primeiro angolano a ocupar esse lugar no país.”
5 – Como chef de cozinha e com conhecimento amplo de diversas gastronomias, tem algum prato de sua autoria?
“Tenho sim. Durante um dos jantares que realizei eu acabei por criar um prato de assinatura. O prato chama-se “Peixe ao côco”. Ele é servido no côco e é acompanhado por leite de côco e lima, óleo de erva, gimboa salteada e batata-doce. A ideia foi combinar os sabores da terra com os sabores orientais. O resultado é um casamento perfeito.”
6 – Tem um prato preferido? Qual?
“Eu sou amante de funge, se for de bombo melhor. Gosto muito de calulu, muamba de galinha, carne seca, carbonara…”
7 – Enquanto chef de cozinha, qual foi o maior desafio e dificuldade que encarou ao exercer a função?
“Olha, todos os dias há sempre um desafio nesta profissão. Especialmente, cá em Angola, o maior desafio é a falta de pessoal qualificado. E por outra, o outro grande desafio toca no quesito da obtenção da matéria-prima. Os fornecedores nem sempre têm a disposição, o que acaba por dificultar o nosso trabalho.”
8 – Sente-se realizado?
“Sim e não”
9 – Hum! Que resposta indecisa. Faz-nos entender melhor, por favor.
“Eu diria que estou a 80% da minha realização profissional. Para atingir os 100%, desejo poder levar o meu nome para fora de Angola. Poder mostrar Angola nos grandes palcos gastronómicos. Há muita coisa para ser conquistada lá fora. Ainda tenho muito para mostrar. Dentro do ramo da aviação, pretendo fazer da LSG SKY CHEFS (Angola) uma referência mundial, estar entre as melhores do mundo.”
10 – Para finalizar, que apelo deixa para quem quiser ser especialista em catering de aviação?
“Para quem tenciona seguir este ramo, o meu conselho é: o segredo para esta profissão é a disciplina e o comprometimento. A indústria Gastronómica requer muito de si. Portanto, é necessário estar focado e saber definir as metas e objectivos e acima de tudo acreditar no seu potencial e correr atrás. O ‘não’ é garantido, lute para conseguir o ‘sim’.”



Sobre a LSG Sky Chefs
A LSG Sky Chefs é conhecida como uma das maiores empresas de catering de companhias aéreas do mundo, mas na verdade faz muito mais do que isso. A LSG Sky Chefs oferece suporte a clientes, como companhias aéreas, operadores ferroviários e varejistas, com uma ampla gama de serviços. Estes incluem capacidades de retalho, gestão de salas e todos os tipos de soluções alimentares, desde refeições tradicionais a refeições congeladas e snacks embalados.
Embora seja um nome reconhecido em catering para companhias aéreas, o LSG Sky Chefs também oferece suporte às companhias aéreas com uma ampla selecção de serviços relacionados. Isso inclui buffet de lounge, hospitalidade, consultoria de companhias aéreas e logística de última milha.
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