Morreu Sarah Maldoror, a pioneira do cinema africano.

Ndongala Denda
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Sarah Maldoror, Cineasta da negritude, guerrilheira do cinema africano

Natural do sul da França, filha de mãe francesa e pai guadalupense, Sarah Maldoror foi casada com o poeta e político angolano Mário Pinto de Andrade, fundador do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e ao longo da sua vida, a cineasta ganhou popularidade pelo seu activismo anticolonialista.

Quando fez os estudos de Cinema em Moscovo (Rússia), conheceu o senegalês Ousmane Sembène, ou “pai do cinema africano”, e naquele momento a sua vida mudou. Foi assistente de produção de Gillo Pontecorvo em “A batalha de Argel” (1965), filmado na capital argelina. O filme ganhou o prémio principal do Festival de Veneza.

O primeiro filme de Sarah Maldoror foi “Monangambé”, inspirado no romance do escritor angolano Luandino Vieira, que na época estava preso num campo de concentração de Cabo Verde.

Sarah Maldoror. Cineasta da negritude, guerrilheira do cinema africano

Ainda na obra do escritor, Sarah produziu o filme que a consagrou, “Sambizanga”, que contou com a assistência do marido, Mário Pinto de Andrade no roteiro.

Com a notícia do seu falecimento, foram muitos os comentários de fazedores nacionais de de cinema, como Nguxi dos Santos, que lamentou a morte, em entrevista cedida à Rádio LAC.

“Para os angolanos é uma perda muito grande, porque não podemos esquecer a grande contribuição dada por Sarah na luta de libertação do povo angolano, mesmo sendo esposa de um dirigente, que lutava não apenas para a libertação de Angola, mas de África”, recordou o realizador angolano.

Maria João Ganga, outra produtora de renome, enalteceu a qualidade profissional de Sarah Maldoror.

“Era uma mulher dinâmica, que deixou um trabalho com qualidade histórica para as novas gerações africanas e do mundo poderem aprender e comprender o significado da história das lutas e causas pelas independências africanas”, destacou a cineasta.

Sarah Maldoror deixa duas filhas do seu relacionamento com Mário Pinto de Andrade (morto em 1990), nomeadamente, Annouchka e Henda.

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