Após uma investigação profunda para defesa pública da sua dissertação de mestrado e devido à gravidade da situação nos quatros cantos do mundo, a psicóloga dos Serviços Penitenciários de Angola Ana Isabel Marques Panzo lançou “Agressores Sexuais de Menores”, na sexta-feira (04 de Setembro), em Luanda.

Baseada nos relatos de 91 reclusos angolanos que agrediram sexualmente crianças dos dois aos 16 anos de idade, a escritora concluiu que a maioria dos pedófilos têm consciência do que fazem e a principal motivação é a satisfação sexual.
“O número tem crescido bastante! Consegui perceber que a maior parte dos agressores são pessoas muito próximas das vítimas, têm algum grau de parentesco, desde irmãos, pais, padrastos, tios… É importante realçar que esses indivíduos têm consciência do que fazem, mas ainda assim devemos assumir que são pessoas saudáveis do ponto de vista físico, mas são doentes na visão psicológica, o que não lhes retira a culpa”, explicou.
A subinspectora prisional que escreveu “Agressores Sexuais de Menores” com base numa investigação realizada em nove estabelecimentos penitenciários nas províncias do Bengo, Benguela e Luanda, lembrou que teve um trabalho muito árduo pois teve de selecionar os indivíduos que agrediram crianças e adultos do ponto de vista sexual.
“Os agressores que eu encontrei nos estabelecimentos penitenciários… que agrediram sexualmente os menores… o número era muito considerável”, disse.
Composto por 115 páginas num contexto e perfil dos agressores sexuais infantis, o livro é uma resenha sobre os vários tipos de maus tratos a que as crianças estão propensas, onde ocorrem e as causas. Ana Panzo deu início às pesquisas em 2018 e concluiu nos finais do ano passado.

“Falo também sobre o perfil dos agressores sexuais de menores, quem são, como atraem as vítimas para si, quais são os processos que passam até à consumação do acto e abordo as consequências da agressão sexual, e no final apresento um estudo que foi realizado em várias prisões a nível nacional com os violadores de forma presencial”, esclareceu.
Ana Panzo, que faz parte de uma unidade de investigação da Universidade Jean Piaget de Benguela, concluiu ainda que ambientes de famílias reconstruídas funcionam como elementos facilitadores destas tristes e difíceis situações.

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