“O Grito” é uma das mais famosas pinturas da história da arte ocidental. Foi pintada em 1893 pelo artista norueguês Edvard Munch, que utilizou tinta a óleo, têmpera e giz pastel sobre cartão. Historicamente a obra de Munch é classificada como precursora do expressionismo (um importante movimento modernista da primeira parte do século XX). As suas telas são densas e abordam temas difíceis como a solidão, a melancolia, a ansiedade e o medo.

O quadro “O Grito” é uma obra de arte expressionista que simboliza o sentimento de angústia do ser humano. Uma das obras mais conhecidas do mundo e talvez aquela que mais transcendeu o mundo da arte para se colar à cultura popular.
A sua imagem é uma das mais famosas da saga “Sozinho em Casa” , da série “Os Simpsons”, as versões do mestre da pop art Andy Warhol, os filmes do realizador Tim Burton ou a famosa máscara-fantasma usada por assassinos em “Scream”, de Wes Craven.
O que menos pessoas sabem é que, na realidade, Munch não pintou um Grito, mas sim quatro. Um deles está na posse de um empresário Americano que comprou o quadro por 119 milhões de dólares, um recorde na venda de obras de arte.
As quatro versões de “O Grito”
Versão de 1893

A primeira versão da obra-prima de Munch foi pintada em 1893 e actualmente pertence ao acervo da Galeria Nacional de Oslo. A primeira versão foi realizada em óleo e pastel sobre cartão e é provavelmente a versão mais conhecida da tela.
Segunda versão, também de 1893

No mesmo ano Munch fez uma versão da imagem com lápis de cor. A obra encontra-se igualmente na Galeria Nacional de Oslo.
Este trabalho também é debatido como outra possível primeira versão de “O Grito”. Alguns historiadores da Arte consideram este trabalho menos acabado que os outros e observam que as cores são mais desbotadas. Por outro lado, a peça nunca foi maltratada por ladrões, uma marca a seu favor.
Terceira versão, 1895

A terceira versão, feita dois anos mais tarde, foi uma experiência realizada em pastel sobre cartão e possui cores mais vivas: o céu derrete em tons de laranja, azul e amarelo, a alma retorcida ostenta uma narina azul e uma castanha.
Actualmente a obra pertence a um colecionador particular que arrematou o trabalho num leilão em maio de 2002.
Quarta versão, 1910

Alguns historiadores da Arte acreditam que Munch tenha criado esta peça como uma réplica depois de vender a pintura de 1893. Especialistas dizem que a forma fantasmagórica em primeiro plano parece mais assustadora nessa do que nas primeiras versões porque apresenta globos oculares nas suas enormes órbitas sem a exacta marcação dos olhos.
A versão produzida em têmpera sobre cartão teve um destino trágico após ter sido furtada da Galeria Nacional de Oslo em 2004. Apesar de ter sido recuperada dois anos mais tarde, a tela apresentava danos irreparáveis causados por água num canto inferior. As formas distorcidas e a expressão do personagem revelam a dor e as dificuldades que a vida pode apresentar, resultando no grito, uma forma de expressão desse sentimento.
Entre críticos e historiadores, o debate em torno das quatro versões de “O Grito” tem sido aceso. Apesar do quadro exposto na Galeria Nacional de Oslo ser habitualmente apontado como o original, há quem acredite que foi a outra versão de 1893, a lápis, a primeira a ser pintada por Munch – o facto da obra parecer menos acabada e das cores estarem mais esbatidas dão força a essa teoria. E se é evidente que existem várias diferenças entre as quatro versões, os elementos principais estão sempre todos lá: em primeiro plano, um homem de ar cadavérico e aterrorizado, encostado ao gradeamento de uma ponte, a gritar com a boca e os olhos muito abertos. Atrás de si, sob um céu cor de laranja vivo (à excepção da versão a lápis de 1893, com cores bastante mais esbatidas do que as dos restantes) encontram-se duas figuras não identificáveis. A unir toda a cena, o mar, que quase parece engolir o homem no seu redemoinho.
Mas qual é a inspiração por trás de tão aterrorizadora cena?
Numa entrada no seu diário, datada de 22 de Janeiro de 1892, Munch escreveu: “Eu estava a andar por uma estrada com dois amigos quando o sol se pôs. Senti uma rajada de melancolia e de repente o céu ficou vermelho-sangue. Eu parei, encostei-me ao gradeamento, cansado de morte, enquanto os céus flamejantes pendiam sobre o fiorde azul e negro e sobre a cidade. Os meus amigos continuaram, eu permaneci ali a tremer de ansiedade e senti um imenso grito infinito através da natureza.” Durante décadas, ninguém duvidou de que o céu “vermelho-sangue” saiu da imaginação de Munch, mas, em 2003, um artigo publicado na Sky and Telescope avançou com uma explicação bem mais detalhada baseada na investigação de um grupo de professores de Física e Astronomia da Texas State University, que se deslocaram até Oslo para perceber em que exacto ponto Munch tinha observado o tal céu vermelho-sangue.
Depois de determinada a localização exata, os estudiosos norte-americanos concluíram que um céu semelhante ao descrito por Munch pode de facto ter sido observado naquela zona do globo devido à grande erupção do vulcão da ilha de Krakatoa, na Indonésia, em 1883 – considerada uma das mais fatais e maiores erupções do mundo, provocou o desaparecimento da ilha.
Já o desfasamento de 10 anos entre a erupção e a versão de “O Grito” exposta na Galeria Nacional de Oslo pode ser facilmente explicada, uma vez que essa obra integra um conjunto de trabalhos inspirados em experiências pessoais do artista, como as mortes da mãe, em 1868, e da irmã, em 1877 – duas experiências traumáticas que, de resto, influenciaram toda a obra de Munch.
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