Conheça o teto da Capela Sistina, concebido por Michelangelo

Janilson Duarte
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Uma das obras de arte mais famosas do mundo era exibida ao público pela primeira vez no mês de Novembro, no Dia de Todos os Santos, em 1512. Após quatro anos de trabalho, o teto da Capela Sistina, pintada com a técnica afresco — em que a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e areia — Michelangelo Buonarroti estava pronto para apresentar a sua obra.

A tarefa completa no total levou de 1508 a 1512, mas tornou-se uma das mais importantes obras-primas da história e é hoje uma das maiores atracções do Vaticano. O teto da Capela Sistina é um dos afrescos mais famosos do mundo. É impossível não se maravilhar com a pintura, mesmo que seja apenas para olhar pelo computador.

Por se considerar mais um escultor do que um pintor, Michelangelo Buonarrotti a princípio não quis aceitar o serviço. Primeiro, porque considerava a pintura uma arte inferior. Ele gostava mesmo era de esculpir. Segundo, porque não se dava bem com o papa Júlio II, que fez a encomenda. Em 1505, envolveu-se com a construção de um túmulo papal e ficou oito meses na cidade de Carrara, famosa pelos seus mármores, selecionando pedras para a obra. Só que outro escultor, Bramante (1444-1514) caiu nas graças da Igreja e assumiu o projecto. Em 1508, Michelangelo aceitou o pedido do Júlio II della Rovere para decorar o teto da Capela Sistina apenas para provar a todos do que era capaz.

Ao todo são nove painéis com grandes pinturas e cenas que ressaltam quatro imagens bíblicas cronológicas: A separação da luz e das trevas, A criação de Adão, O pecado original e a expulsão do Jardim do Éden e O dilúvio. A obra gigantesca tem mais de 300 personagens.

Ver o teto da Capela Sistina de Michelangelo é um daqueles “must-see” quando se viaja até Itália. A sensação é mais ou menos como ir a Paris e ver a Torre Eiffel, ou a Nova York e ver a Estátua da Liberdade.

A história da capela começou com o Papa Sisto IV, quando ele decidiu reconstruir uma  capela já existente no Vaticano. O seu objectivo era sediar importantes cerimónias religiosas e é nela que é realizado o conclave para a escolha do Papa. Obviamente, em sua homenagem, a capela foi baptizada como Sistina.

Michelangelo pintou a Sistina em duas fases: primeiro o teto/abóbada e, décadas mais tarde, o Juízo final, para o qual pintou 391 figuras.

Onde fica a Capela Sistina?

A Capela Sistina está dentro do Vaticano e ambos, por sua vez, ficam ao lado da Praça São Pedro e da Basílica de São Pedro.

Ela é o último ambiente a ser percorrido num dos percursos principais percursos dos museus. O que é que isso significa? Não dá para ver só a  Sistina, tem que percorrer várias alas e para chegar até ela é necessário de 1 hora e meia a 2 horas de visita.

Curiosidades

Michelangelo havia pintado todos nus. Hoje vemos muitos personagens com panos a cobrir a nudez. Essa censura aconteceu em 1564, após o Concílio de Trento e por coincidência no mesmo ano da morte de Michelangelo. Um dos principais responsáveis por cobrir os nus foi o pintor Daniele da Volterra.

Um dos casos mais interessantes: São Biagio e Santa Caterina. Além de terem sido completamente vestidos, na versão censurada, o Santo não olha para o traseiro da santa, mas para o alto.

Nas restaurações feitas em 1979 e 1994 (graças a cópias dos desenhos feitas por pintores contemporâneos de Michelangelo), foi possível tentar, no limite do possível, pôr as figuras novamente nuas.

São Bartolomeu, o auto-retrato  de Michelangelo

Outra coisa interessante a observar é que Michelangelo representou a si mesmo na pele de São Bartolomeu. O santo é representado com uma faca na mão, símbolo do seu martírio e na outra, a própria pele, que lhe foi arrancada. O seu rosto é o auto-retrato do pintor.

Outra curiosidade: originalmente São Bartolomeu também estava nu. O pano preso foi resultado da censura.

Uma serpente morde as “parte baixas” de Biagio da Cesena: vingança pessoal de Michelangelo.

Biagio da Cesena era um mestre de cerimónias do Papa Paolo III. Quando o Juízo Universal já estava quase pronto, Biagio começou a tentar convencer o Papa de que todas aquelas pessoas nuas era uma pintura muito imoral para a parede atrás de um altar.

Michelangelo, quando descobriu que Biagio falava mal dele pelas costas, vingou-se na própria pintura. Retratou Biagio da Cesena como Minos, um dos juízes do inferno e pai do temível Minotauro.

Além disso, na pintura, uma serpente abocanha o pénis de Minos. Biagio reconheceu-se na pintura e foi reclamar com o papa, que nada fez contra Michelangelo.

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