“A grande entrevista”, com o artista plástico “Gato Preto”

Janilson Duarte
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Osvaldo Miguel Moisés, conhecido pelo nome artístico Gato Preto, é um artista plástico nascido na cidade de Luanda que tem ascendido na sua carreira, no mundo das artes, com grande êxito, pela sua singularidade artística.

Gato Preto traz  o diferencial não só nas suas obras de arte, como também no seu visual, criando uma simbiose perfeita entre a arte e o artista. Numa conversa descontraída,  Gato Preto não hesitou em contar à Revista Chocolate como tem sido o desenrolar da sua carreira, que por sinal é muito promissora.

CH: Quem é o Gato Preto? Nome completo, idade, filiação e profissão.

Gato Preto: Osvaldo Miguel Moisés é o meu nome, prefiro não dizer a minha idade. Sou filho de Miguel Moisés e Paciana Eliza Miguel. Profissão: artista versátil.

CH: O que representa a arte para si?

Gato Preto: A arte representa o mundo, seja de forma abstracta ou não, seja de forma científica ou natural e a gente só toma o conhecimento da arte por intermédio dos olhos e da audição.

CH: Há quanto tempo é artista plástico e quando é que decidiu entrar no mundo das artes plásticas?

Gato Preto: Trabalho como artista plástico há 4 anos, mas antes já era grafiteiro de rua, isso em 2017, fazia parte de uma instituição de arte: o “Batalhão Rui de Matos”. O meu lado como artista foi descoberto por Lwana Ribas Matos – comecei a dar os meus primeiros passos como artista plástico em 2018 – decidi entregar-me às artes plásticas em 2020 depois de ser expulso do Batalhão Rui de Matos.

CH: O gosto pela sua arte foi impulsionado ou é algo natural? Por quê?

Gato Preto: Sempre gostei de arte, desde a minha infância, por ser algo familiar, não foi impulsionado, é mesmo natural, porque tínhamos a arte como divertimento na família.

CH: Já trabalhou em vários projectos? Quais, nomeadamente?

Gato Preto: Sim, já trabalhei em alguns projectos: em 2017 no projecto Batalhão Rui de Mato (até 2020) e em 2022 no projecto Movimento Artístico Paralelo.

CH: Já fez parte de alguma mostra colectiva?

Gato Preto: Sim, fiz, a primeira foi no Shopping Fortaleza, participei com um quadro que pintei ao vivo;

A segunda foi no Clube Naval na actividade dos Hanormais;

A terceira na RDC, em Kinshasa, na abertura do Museu Nacional de Kinshasa;

A quarta foi no Museu da Moeda no Prémio Ensa 2020;

A quinta foi no Museu de Antropologia, na Exposição de Cristophe Dar Darshan – “A Máscara Oculta”;

A sexta foi uma exposição no Hotel Intercontinental – “A Minha Luanda”. Fui selecionado para os 10 finalistas.

A sétima, agora selecionada para o Prémio Ensa Arte XVI, edição 2022.

CH: Já fez alguma exposição individual?  Se sim: qual, quando, onde e quantas peças apresentou na mesma?

Gato Preto: Sim, já fiz, a Exposição “Mundanismo”, no dia 5 de Setembro de 2020, com 52 obras, também a minha colecção de roupas da marca D1MUNDO, no Bazar da Baía – não cheguei de contar o número de peças porque foram muitas.

CH: O que  é que mais gosta de pintar?

Gato Preto: É difícil responder. Eu sou versátil. Gosto de pintar tudo, em tudo.

CH: Quais são as suas maiores inspirações para pintar um quadro: no que é que pensa?

Gato Preto: O Mundo. Inspiro-me no mundo e em tudo o que me rodeia, penso na vida, na existência e no fim e em tudo.

CH: Tem alguém que lhe sirva de inspiração no tipo de arte que faz? Quem?

Gato Preto: Alguém… Sim, mas é muito difícil citá-los por serem muitos, sejam eles aspirantes ou grandes mestres da arte, vivos ou mortos.

CH: Lida com muitos artistas? Quais?

Gato Preto: Sim, lido com artistas como Wara Wata, Joselina Pemba, Mussunda Zombo, Samu Artes, Marcos Kambenda, Dralton Máquina, Cristophe Sat Darshan, Over Dose, AV, Manuel Tchibengo, Rui Lopes, Tayson Do Anjos…

CH: Como avalia a arte plástica em Angola?

Gato Preto: Em estado de evolução fraca, muitos artistas não têm identidade própria, falta-nos explorarmo-nos mais, falta-nos mais criatividade, ainda estamos muito padronizados.

CH: Quais são as maiores dificuldades encontradas na sua área de trabalho?

Gato Preto: Na aquisição de material e na venda das obras.

CH: Como têm sido os acessos às salas para expôr os seus trabalhos?

Gato Preto: Bons e rápidos.

CH: Se pudesse mudar alguma coisa na sua área de trabalho, o que mudaria e por quê?

Gato Preto: Mudaria o atelier, porque é um espaço arrendado por mim e não consigo fazer o atelier dos meus sonhos, ainda estou limitado.

CH: Normalmente que materiais usa para pintar as suas obras?

Gato Preto: Aguarela, tintas de óleo, tintas plásticas, tintas acrílicas, cola branca, purpurina e marcadores.

CH: Quais são as técnicas que usa normalmente? E por quê?

Gato Preto: Acrílico sobre tela, porque é uma tinta que seca rápido e não é tóxica;

Colagem sobre tela, porque gosto de fotografias, panfletos, jornais e revistas;

Modelagem com barros ou papel maxé caseiro (exx: papelão, jornal e cartão de ovos);

Marcadores sobre tela, porque é um material muito fácil de usar e consigo desenvolver vários padrões;

Animais embalsamados sobre tela, para chocar as pessoas e dar a entender que toda a vida importa.

CH: Qual é um dos seus quadros mais famosos?

Gato Preto: O meu quadro mais conhecido tem o título de ” Morrendo somos todos iguais”

CH: Quando pinta um quadro, o que é que pretende transmitir com o mesmo?

Gato Preto: Bem… em cada quadro transmito uma mensagem diferente, às vezes de guerra ou de paz, felicidade ou tristeza, amor ou ódio, morte ou vida, enfim, procuro mostrar o que é o mundo no meu ponto de vista…

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