A Guiné-Bissau conseguiu a proeza de guardar em tecido parte da sua herança cultural: o “panu di pinti” (“pano de pente”, em português) é feito num tear, de forma artesanal e tem um valor inestimável na comunidade guineense. Até aos dias de hoje, continua a ser considerado um dos muitos símbolos culturais e tradicionais do país.

É deorigem da etnia manjaca (“povo mandjaku”) — que vive maioritariamente na região costeira de Cacheu, plantada no norte de Bissau. Porém, a fama do pano de pente foi-se espalhando por quase todo o território. Segundo Mariana Ferreira, etnóloga e fundadora da ONG Artissal, durante o século XII, devido à sua qualidade e à riqueza dos seus padrões, o pano de pente chegou a ser uma moeda comercial africana. Angariou doses astronómicas de fama e foi alvo de admiração, ficando apenas reservado à classe nobre.
Outrora era usado exclusivamente em roupas e cerimónias tradicionais. Os seus modelos e pigmentações variavam consoante as ocasiões, alargando-o até às comemorações matrimoniais, rituais de iniciação e funerais. Nos dias que correm, é muito comum ver os mercados tradicionais guineenses pintados com as suas tonalidades, conquistando a atenção de cada turista que o vislumbre.

O processo de obtenção dos vários metros de pano de pente é todo manual. Chega a ser um trabalho moroso, coleccionando já diversas gerações de tecelões, conhecidos nacionalmente como ficiais. Com a ajuda de um tear (ou pente, como os guineenses o denominam), todo o corpo se dedica a aperfeiçoar a técnica exigente de entrelaçar fios.
As personificações do país transbordam nas cores que tingem o pano. São estas que, aliadas aos padrões camaleónicos, conseguem interpretar segmentos de um património precioso. Considerado sinónimo de riqueza para os manjakus, o pano de pente passou a ser celebrado, também, como ícone de moda, ocupando um lugar cativo nas mais diversas colecções e passerelles africanas e europeias.



Comentários recentes