Por Fast Fashion (do inglês, ‘’moda rápida’’) entendemos um sector de vestuário que produz roupas de baixa qualidade a preços super reduzidos e lança novas colecções continuamente e em muito pouco tempo (falamos das grandes cadeias que agora são encontradas em todas as cidades e em qualquer centro comercial).

O termo foi usado pela primeira vez em 1989 pelo New York Times num artigo que falava da primeira abertura de uma loja Zara em Nova Iorque.
Esta moda rápida imediatamente tornou-se um fenómeno do mundial, oferece roupas baratas, mas com muitas implicações negativas.
Fazer cerca de dez colecções por ano (em comparação com o clássico ‘’primavera-verão’’ e ‘’outono-inverno’’) garante que as taxas de produção dessas empresas sejam sustentáveis apenas em países como a Índia, a China, o Camboja ou o Bangladesh, onde os custos de mão-de-obra são muito baixos e os trabalhadores (mesmo crianças) são frequentemente explorados e forçados a trabalhar em condições terríveis.
Todos os dias, milhares de trabalhadores são empregados na indústria da moda rápida, cujas vidas são colocadas em risco por ritmos exaustivos, pela falta de segurança e pela exposição e contacto com substâncias nocivas.
Há muitas pessoas que são exploradas, abusadas, mal pagas e que trabalham com saneamento precário. Esse sistema causou o empobrecimento e o agravamento da saúde e das condições de vida dos trabalhadores.
Um aspecto particularmente trágico e marcante da Fast Fashion foi o acidente ocorrido em Bangladesh em 2013, onde mais de 1000 trabalhadores morreram do colapso de uma fábrica de roupas.
Além disso, o Fast Fashion contribui diretamente para a poluição ambiental (através da utilização de processos e metodologias pouco propensas a proteger o meio ambiente) causada pela indústria têxtil, a segunda mais poluidora do mundo, bem como uma das primeiras em consumo de energia e recursos naturais.
Pense nos corantes dos tecidos, que contêm componentes altamente cancerígenos para o ser humano (níquel, cromo, etc.) ou nas matérias-primas utilizadas na criação de roupas, de origem duvidosa e com métodos de produção quase desconhecidos.
E nós? Onde entramos nisso tudo?
A responsabilidade que temos como consumidores, mas sobretudo como seres humanos, é a de garantir que o nosso dinheiro acaba nos bolsos daqueles que compartilham os nossos valores.
Continuar a comprar dessas empresas significa continuar a fazer parte do problema.
A responsabilidade que elas têm é grande e é inegável que elas continuam a fazer escolhas erradas em termos de direitos humanos e ambientais, mas se a produção de roupas dobrou nos últimos anos, isso também é parcialmente uma consequência das nossas escolhas, pois somos nós que compramos cada vez mais e aumentamos a procura.
Para interromper ou limitar esses danos, devemos parar de comprar roupas para qualquer ocasião especial que tivermos, devemos dar mais valor ao que já temos e investir em roupas mais duradouras que não seremos forçados a deitar fora, porque estarão arruinadas após algumas lavagens.
Antes de comprar uma roupa nova nessas lojas, pare para reflectir sobre o custo real dessa peça e de como essa decisão pode literalmente contribuir para salvar uma vida ou várias, pois o planeta é de todos.
Por Lourdes Elawar
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