O Símbolo dos Turbantes

Ndongala Denda
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O turbante é um símbolo cultural, que está na moda e esbanja estilo. O significado deste adorno tão especial para a cultura africana, diz muito sobre o processo da formação da nossa própria cultura. Conhecer as suas origens culturais através do tempo e discutir a apropriação cultural deste elemento tão rico, é também uma forma de reconhecer e valorizar a nossa identidade.

O turbante é visto pela maioria das pessoas como um acessório estético que serve para adornar a cabeça e demonstrar charme, estilo e beleza. Ele é visto como algo que “está” na moda e muita gente o usa somente por isso. Mas o turbante é um elemento cultural, que está associado principalmente às culturas asiáticas, africanas e por aí afora.

Usar o turbante, especialmente para culturas africanas e afro-americanas, é também um símbolo de resistência, de afirmação da sua identidade cultural e da luta contra a discriminação e o preconceito racial. A questão é cultural, é um acto político e vai muito além da moda e do estilo.

Os turbantes estão na moda dentro de uma tendência chamada “étnica”. O que significa que é uma moda que pertencente aos hábitos e costumes de um determinado povo.

Entender a história cultural do turbante, principalmente o africano é se reconectar as nossas origens, com o processo de formação da cultura mundial.

Turbante – De onde vem

O turbante é uma grande tira de pano de até 45 metros de comprimento enrolada sobre a cabeça. A origem do turbante é desconhecida, mas sabe-se que já era usado no Oriente, muito antes do islamismo pelos homens, e tem função religiosa de demonstrar e reforçar a fé. No Oriente, não são apenas os islâmicos que usam o turbante como símbolo da fé, os adeptos da religião monoteísta indiana, Sikh, também usam esse adereço. Nesta religião, os homens e mulheres não devem cortar os cabelos e sim utilizar os turbantes para envolvê-los. Na Índia, ainda são utilizados para proteger a cabeça do clima severo do deserto e representam a casta de quem o usa, o status financeiro e a religião.

Em África, o turbante faz parte da cultura do povo, onde os costumes e roupas tradicionais trazem tecidos enrolados ao corpo e os turbantes fazem parte dessa indumentária complementando o conjunto. Eles são usados por homens e mulheres e cada amarração e torção tem um significado diferente.

O Ojá, é um tipo de torço ou turbante usado na cabeça nas religiões tradicionais africanas, religiões afro-americanas, religiões afro-brasileiras, podendo ser de vários tipos e cores. Os turbantes têm funções sociais, religiosas e claro, fazem parte da moda e do estilo africano.

Nas religiões africanas, é um elemento e um elo com a nossa dimensão espiritual, simboliza os pensamentos e a fé no divino.

Na Europa, o comércio criou relações entre o Oriente e o Ocidente, facilitando as trocas de costumes e culturas. Já no século XVIII, o turbante era usado como item de moda pelas mulheres francesas.

Por volta de 1920, o costureiro francês Paul Poiret trouxe os turbantes de volta ao cenário fashion. Coco Chanel também aderiu ao acessório. A moda popularizou-se no final dos anos 30, e muitas actrizes de Hollywood apareceram com glamorosos turbantes.

No Brasil, Carmen Miranda adotou o turbante no seu figurino. Nos anos 60, o turbante ressurgiu novamente como símbolo da cultura negra, nos movimentos que lutavam pelos direitos civis contra a discriminação e o preconceito.

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