Neutro, futuro da moda

Ndongala Denda
3 Min Read

Moda está na arte, no cinema, na literatura, na economia, na história. Mas, quando pensamos sobre ela, o que vem à cabeça de muitos restringe-se em estereótipos: passarelas, tapetes vermelhos, bloggers e vídeos no YouTube sobre tendências para a estação. É muitas vezes tida como sinónimo de futilidade, passageira, elitista e até mesmo inútil.

Mas a moda é todo um universo maior que regras do que vestir ou não. É uma revolução constante, um espelho da história. Maria Antonieta, a ultima rainha antes da revolução francesa, chocou por posar num retrato no seu palácio usando uma chemise de cintura alta. A Coco Chanel inspirou-se em trajes masculinos para criar roupas que não precisassem de espartilho e assim deu liberdade à mulher. A Beverly Johnson foi a primeira modelo negra na capa da Vogue.

A moda inspira a arte, e a recíproca é verdadeira. A Art Noveau inspirou estilisticamente o vestuário da época. Houve uma moda surrealista, com Dalí inclusive, ao desenhar tecidos para a estilista Elsa Achiaparelli.

A forma e construção do cubismo estiveram presentes em estampas e ilustrações de roupas. Os exemplos são incontáveis, principalmente se envolvêssemos filmes e livros, nos quais os figurinos fazem parte de sua essência. Essência essa , que não eram só das personagens, mas também das obras como um todo.

Quando é olhada em diferentes perspectivas, encontramos o seu real sentido. O que quer que façamos dela. É o que a Chanel, Yves Saint Laurent e Dior fizeram. Se a moda faz parte da essência de filmes e livros, não há como desassocia-la da nossa própria essência. Como dito no início, moda não é inútil, mas também não se restringe a um mundo distante do dia a dia de cada um de nós.

O que vestimos reflecte a nossa personalidade, e quiçá as nossas ideologias, valores e crenças. Estar ou não de acordo com as tendências, já diz muito por si só. Moda é sim, a estampa animal print, a estampa marinheira ou étnica que tanto as revistas falam como tendências por aí, mas também é, o que cada um de nós veste, porque é com o que nos identificamos.

A moda inspira. Ela é criada e a partir dai constrói-se. É universal, mas não no sentido de ser igual para todos, mas no seu conceito e forma como se materializa, é maravilhosamente diverso.

Onde há cultura, há moda e onde há moda, há expressão.

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