A moda sempre foi um reflexo histórico de mudanças sociais, culturais e políticas. Hoje, estamos num momento de reflexão e introspecção que mudará o mundo para sempre. Arranjar-se para ficar em casa é uma das soluções pelas quais muitos têm optado para conseguir lidar com o confinamento. Pessoas há que consideram que a mudança é inevitável. Assim aconteceu após as guerras mundiais, como também no atentado do 11 de Setembro, que resgatou o romantismo na moda com a renda, por exemplo.

A pandemia tem dado direcções para uma nova aceitação. Num primeiro momento, além da sustentabilidade, as marcas devem buscar conforto e praticidade, mesmo que depois disso voltem ao normal. O vestuário é um dos meios de expressão que reagem com mais celeridade às mudanças políticas, económicas e sociais. A revista espanhola GQ (Gentlemen’s Quarterly) conversou com Fernando de Aguileta, especialista em comunicação de moda, para analisar as mudanças no sector, as formas de consumo, o comportamento do consumidor e como deveremos encarar a moda a partir de 2020.

Fernando Aguileta acredita que já estamos a experimentar as consequências estéticas. “Só porque estamos fisicamente separados não significa que estejamos totalmente separados ou paramos de socializar. Se não houvesse ninguém a assistir-nos, não pensaríamos nessas projecções e mensagem social associada a formas, cores, logótipos ou marcas. Pensaríamos apenas em nós mesmos, no nosso conforto ou no nosso bem-estar”.

Ainda não está claro se optaremos por opções supérfluas ou se teremos um relacionamento mais íntimo com as roupas ou coisas realmente importantes, como durabilidade e permanência. Agora vestimo-nos apenas para nós mesmos, na ausência de opiniões externas e olhares desaprovadores. A quarentena e o isolamento têm demonstrado quem somos em todos os níveis.
Para além das mudanças nos consumidores, os designers exibirão cada vez mais atitudes mais responsáveis. Por que não usar uma roupa mais elegante com uma desportiva? Por que escolher um ou outro look? Por que não usar os dois? A forma como nos apresentamos é e sempre será a primeira mensagem que passaremos. O único que pode dar respostas a tantos questionamentos, é o tempo. Certamente daqui a mais algum tempo haverá cada vez mais mensagens, moda activista e forte concorrência para ver qual empresa é a mais solidária e a mais respeitosa em relação ao planeta e à sociedade.

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