Dina Simão: Musa da moda angolana

Janilson Duarte
6 Min Read

Dividida entre a televisão e a moda, Dina Simão, estilista, é com certeza  uma mulher dos mil ofícios. No que toca à moda angolana, Dina Simão, musa da mesma,  dispensa  qualquer apresentação.

A diva da moda nasceu em Angola, foi em Portugal que cresceu, formou-se e onde começou uma carreira que hoje lhe dá reconhecimento internacional.

Teve o primeiro contacto com as linhas e as agulhas aos 14 anos, em Setúbal, e desde aí ficou entregue a uma paixão que nunca mais largou.

Nos 30 anos que viveu em Portugal Dina Simão licenciou-se duas vezes (Relações Internacionais e Recursos Humanos), tornou-se uma referência a nível das danças africanas no país, fez tournées internacionais, trabalhou com o afamado Bonga, foi funcionária pública e secretária nas Nações Unidas.

Mais tarde, em 2008, aproveitou uma oportunidade que surgiu através da delegação angolana presente na Expo Saragoça para voltar ao país que a viu nascer, numa altura em que as suas criações já desfilavam nas passarelas do London Fashion Week. A partir daí, foi convidada para o encerramento do Angola Fashion Week, em 2009, e estabeleceu-se no seu país natal.

Em Angola, Dina tornou-se apresentadora de televisão, sem nunca ter deixado de continuar a dar cartas no mundo da moda, sobre o qual o conhecimento e experiência foram a base para que abrisse a academia Arte e Fashion, onde ensina os segredos da moda a jovens angolanos, na esperança de que sigam as suas já bem delineadas pisadas.

Associado a este passado de bailarina coroado de êxitos, Dina Simão soube sempre tirar partido dos múltiplos talentos que tem. De espírito generoso, entrega-se de corpo e alma aos seus projectos sócio-culturais, dando aulas de moda, danças africanas ou até mesmo como contadora de Histórias.

Em Setúbal, cidade onde habita há mais de 20 anos, desenvolve actividades com os jovens e adolescentes “de diversas etnias”. Foi dessa experiência que nasceu o grupo cultural kissonde, deixando a sua marca em espaços tão diversos, sejam hospitais, sejam escolas, sejam estabelecimentos prisionais, seja a RTP. Com passagem pelos estados Unidos, China e diferentes países da África e Europa, foi mesmo o seu dinamismo que a levou a coordenar a imagem do pavilhão de África na Expo-2000 em Hannover.

Fazendo uma viagem no tempo, na década de 80, Dina Simão fez um curso de modelo e foi a melhor classificada, tendo desfilado para a fil moda, intermoda e participado em alguns desfiles, ao lado de nomes consagrados do meio. Apesar disso, não conseguiu uma carreira famosa como manequim, porque “na altura as agências não aceitavam manequins negras.”

Por essa altura, recebeu um convite da sua professora de técnicas de desfile para trabalhar na sua boutique atelier em Cascais e foi daí que começou a desenvolver o gosto pelos “trapos” e para bem fazer, resolveu tirar um curso de corte internacional de moda e mais tarde o curso de estilismo.

Em 1998 montou o seu próprio atelier no Estoril, onde tem desenvolvido a sua criatividade.

Todos concordam que Dina Simão é uma criadora de moda angolana conceituada e bastante premiada tanto a nível nacional como internacional, por conta dos seus feitos em prol da arte.

2010 – Prémio “Criadora do ano” na 13ª edição do Moda Luanda.

2009 – Selecionada para as Divas da Moda Angolana – Casino de Espinho – recebe o prémio Carreira na Categoria de Moda.

2008 – Galardoada como a melhor estilista Clássica da diáspora. (Gala Port´s África).

Em Abril do mesmo ano recebe o prémio prestígio Angola-Portugal, categoria Moda Teatro S. Jorge -Lisboa.

2007 – Obtém o 1º lugar no Festival da Moda Lusófona na Aula Magna – Lisboa – Angola África Fashion.

2005 – Recebe da Associação de Estudantes Angolanos em Portugal o Diploma de Reconhecimento e divulgação da Cultura angolana em Portugal

“FAZER” numa acção de intercâmbio cultural no Sul de Angola, zona de guerra, “experiência que considera bastante marcante”.

Entre outros prémios que com certeza marcam a sua carreria no mundo da moda.

A moda tem sido o seu projecto actual, e a sua marca não pára de aumentar como uma das expressões mais visíveis dos diferentes “estados de espírito” africanos/europeus. As suas origens constituem fontes de inspiração muito versáteis para a sua criatividade.

As harmonias de cores são fortemente inspiradas nas culturas africanas, utilizando para tal os panos típicos como os “wax Block, Java print, super wax” etc., tirando o maior partido da textura e colorido destes materiais, numa mistura de traços Euro-África que contagiam totalmente o corpo, transportando o seu conceito de uma forma bastante sensual e intelectual, destinado à mulher sóbria e sofisticada, de acordo com ela própria e com as mudanças no mundo actual.

Share this Article