Foi eleita a mulher mais bela de Angola, na gala que decorreu no último Sábado (22.07), no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda. Ana Bárbara Da Silva Coimbra, de 23 anos, prepara-se agora para concorrer na 72º edição do Miss Universo, em El Salvador.
Filha mais velha da sua mãe e a mais nova do seu pai, Ana Coimbra é natural de Benguela, licenciada em Economia e reside actualmente no Reino Unido, representando Angola na Diáspora.
A nova Miss Universo Angola, que sucede a vencedora do ano passado, Swelia da Silva António, contou numa entrevista exclusiva à Revista Chocolate que a sua entrada no mundo da moda foi através do concurso Miss Angola Diáspora, onde encontrou pela primeira vez a necessidade de aprender a desfilar e deu continuidade durante formação na academia Miss Angola.
CH: Ana, sempre sonhou ser Miss?
“Não, apesar de ter recebido uma forte influência por parte da família, amigos e conhecidos. Depois de concluir os meus estudos e quando menos imaginei, deparei-me com essa oportunidade e percebi que coincidia com aquilo em que eu acredito, ou seja, o meu propósito de vida: fazer as outras pessoas felizes. Porém, sempre busquei entender o conceito e perceber, para além da ideia que a media passava, qual a real função de uma miss na sociedade. Portanto, sou uma mulher que acredita em contribuir para o seu continente, o seu país. Através desta oportunidade de participar no concurso Miss Angola Universo 2023, eu quero ser embaixadora da beleza e a porta-voz para todas as jovens e mulheres do meu país.”
CH: Quem realmente incentivou-a a participar neste concurso?
“Na verdade, não disse a muitas pessoas no princípio, porque senti que, já sendo adulta, a responsabilidade da tomada de decisão seria minha. Mas a minha mãe deu-me muita força e alguns familiares também.”
CH: Certamente ficou bastante satisfeita com o resultado do concurso. Era o que realmente esperava?
“Eu posso dizer tranquilamente que busquei estar pronta para qualquer resultado, apesar de ter o enorme desejo de vencer, fomos muito bem preparadas durante a formação para sabermos gerir as nossas expectativas em relação ao resultado, então era uma questão que precisávamos de trabalhar em nós mesmas.”
CH: Como encara a responsabilidade que tem ao carregar este título?
“Encaro com muita cautela, porque é inegável a expectativa que é colocada para este cargo, pois já tivemos muitas misses e cada uma, durante o seu reinado, deu o seu contributo para o nosso país e muitas delas superaram as expectativas. E é nelas em que me espelho.”
CH: Se pudesse resumor o título numa palavra, qual seria?
“Missão. Para mim ‘missão’ é sinónimo de propósito, cada um de nós tem uma missão na vida e a vida de uma miss é doar-se para servir de elo entre aqueles que mais precisam e todos aqueles que podem ajudar.”
CH: O que mudou na sua vida ao tornar-se Miss Angola Universo 2023?
“Eu posso dizer que muita coisa mudou! Desde o meu dia-a-dia, a minha alimentação, as minhas prioridades, a gestão do meu tempo, as minhas preocupações, o contacto com as pessoas, mas estou muito feliz por sentir que esta mudança não foi repentina, foi paulatina, muito por conta da preparação que tivemos na academia Miss Angola, eles realmente cuidaram de tudo.”
CH: Com a experiência que tem vindo a adquirir com este título em poucos dias, qual tem sido para si a parte mais difícil em ser Miss Angola e quais a vantagens que o título lhe trouxe até agora?
“A maior dificuldade para mim é entender que já não sou uma pessoa anónima e entender que no que toca ao meu trabalho, eu devo sim partilhar o meu dia-a-dia, porque existem muitas pessoas que querem acompanhar de perto. Tenho recebido muito carinho, muitos elogios, as pessoas à minha volta têm mostrado que estão muito felizes com o resultado e é para mim a maior vantagem. E saber que tenho a minha família por perto é uma alegria muito grande!”
CH: Sabemos que também é modelo, gestora de projectos e criadora de conteúdo digital. Conte-nos um pouco sobre como começou.
“O trabalho como modelo começou através de um convite que recebi por parte de uma agência de fotografias, enquanto ainda vivia em Manchester, para fazer um ensaio fotográfico com o tema ‘healthy food and sport’. Foi incrível, eles adoraram e continuei a trabalhar com eles até à data do concurso. A criação de conteúdo para mim sempre foi um hobby porque antes da faculdade eu quis seguir arte e multimédia, mas não foi possível, então comecei a explorar este universo. Em relação à gestão de projectos, sempre foi a carreira que eu quis seguir desde a faculdade, pretendo agora mais do que nunca dar-lhe avanço.”
CH: Para si, o que significa a felicidade e realização profissional? Sente-se uma mulher realizada?
“Sim, sinto-me completamente realizada. Eu acredito que a realização está relacionada com o gap que existe entre aquilo que é no nosso potencial e como nós estamos no momento: quando o nos sentimos abaixo do nosso potencial, principalmente para nós jovens, o que acontece é um desânimo muito grande e uma frustração que pode levar-nos a fazer coisas que no futuro podem ser irreversíveis. E a felicidade começa quando nós preocupamo-os em fazer os outros felizes.”
CH: O que é mais importante numa mulher para si: inteligência, beleza, ou cultura?
“A mulher tem mais do que capacidade para conter todos os atributos citados, nós não devemos limitar-nos, o foco ainda precisa ser encontrar o equilíbrio entre essas três e outras mais. Portanto, para mim, o conjunto torna uma mulher mais completa.”
CH: Quais são as expectativas para o concurso Miss Universo 2023? Sente- se confiante?
“Sim, existe uma expectativa muito grande porque nós já carregamos uma vitória, com muito orgulho, pertencente à nossa presidente Leila Lopes. E o foco é sempre poder fazer mais e melhor, mas o melhor para mim é sentir-me alinhada com aquilo que acredito ser capaz e principalmente poder ser acompanhada a par e passo por ela, que vem iluminando e direccionando o caminho para que tudo aconteça da melhor forma.”
CH: Ao tornar-se a mulher mais bela de Angola, acreditamos que muitos olhos ficaram postos em si. O seu coração tem dono?
“Sim, o dono do meu coração é Jesus Cristo, acima de qualquer coisa. Mas entendendo a questão. Sim, eu tenho um namorado, ele é fotógrafo e videógrafo profissional e para além do carinho e da convivência que temos, trabalhamos muito bem em equipa.”
CH: Qual é a sua opinião em relação à moda em Angola?
“Eu acredito que a moda tem tudo o que é preciso para se tornar um mercado relevante não só nacional, mas também a nível de África e do mundo. Temos cada vez mais pessoas capacitadas, jovens estilistas, designers com muito talento que muitas vezes conseguem conciliar os estudos, ou até mesmo outras carreiras, com as suas paixões e é essa uma das características que mais admiro.”
CH: Como define o seu estilo?
“Depois dos workshops que fizemos, eu entendi que o meu estilo se define como dramático e elegante.”
CH: Qual o look que usa no seu dia-a-dia? Qual a marca e quem é o seu estilista de preferência?
“No meu dia-a-dia procuro estar essencialmente elegante, confortável e prática. Escolho sempre cores que me valorizam e gosto muito de cores vivas, raramente invisto em estampas e quando o faço, procuro ter a maior cautela. Mas graças a Deus não estou só, tenho uma equipa toda a cuidar de todos os looks, pessoas para as quais mando um beijo especial de carinho e o meu muito obrigada.”
CH: Tem algumas referências no mundo da beleza? Se sim, quais são?
“Sim, no mundo da moda tenho algumas, nomeadamente: Leila Lopes, Maria Borges, Tina Kunakey, Naomi Campbell, entre outras.”
CH: Os sapatos: altos ou ténis?
“Com certeza prefiro ténis, mas para certas ocasiões é necessário apresentar-me de saltos, para estar adequada.”
CH: Cor de batom preferida?
“Lipgloss incolor, agora mais do que nunca, tenho recebido elogios em relação à cor dos meus lábios e procuro mantê-los porque me sinto mais bonita, mais natural e delicada.”
CH: Perfumes de eleição?
“Existem muitas marcas que não são tão conhecidas ainda e têm aromas maravilhosos e ultimamente tenho optado por usar Body Spray, ou até mesmo hidratantes que já contenham uma fragrância e prefiro sempre que seja um aroma suave.”
CH: O que é que não pode faltar na sua mala de viagem?
“Na mala de viagem preciso sempre da minha maquilhagem, escova de cabelo e dos meus produtos de cuidados com a pele. Caso fique sem bateria no telemóvel, preciso inevitavelmente de ter um livro comigo, eles são a melhor companhia para longas viagens.”
CH: Qual o seu destino de sonho e por quê?
“Eu adoro lugares exóticos e pretendo conhecer muitos deles, mas escolhendo apenas um, começaria por conhecer o Egipto. Um país que carrega muito da história e da ciência dos nossos ancestrais africanos.”
CH: Qual o seu estilo de música de eleição e de que tipo de literatura gosta?
“Eu sou muito versátil no que toca à música, depende muito do meu estado de espírito. E a maior parte dos meus livros são do género narrativo e lírico, sobre auto-ajuda, desenvolvimento pessoal, ou bibliografias de pessoas que admiro.”
CH: Com o título de “Miss Angola”, o que acha necessário para que uma mulher possa alcançá-lo? E que conselho dá a todas aquelas que sonham um dia ser coroadas rainhas da beleza angolana?
“Hoje acredito que seja essencial, como mulheres angolanas, carregarmos os nossos princípios, como a educação, o respeito, a humanidade, entre outros. Precisamos de saber posicionar-nos e preparar-nos, pois estes valores precisam de estar enraizados para que independentemente da responsabilidade dada, isso possa resplandecer. O conselho que eu deixo é que sejam autodidactas naquilo que é a busca do conhecimento e principalmente que saibam que muitas vezes as nossas atitudes mostram mais do que nós somos, do que propriamente aquilo que dizemos.”
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