A fragilidade emocional pode ser entendida como a dificuldade em lidar com as dificuldades mais simples da vida quotidiana, a falta de ferramentas para gerir os nossos estados internos mais complexos, como a capacidade de olhar para as outras pessoas e ter uma profunda empatia para com as suas emoções e situações, ainda que adversas.
Em conversa com a Chocolate Lifestyle, a Dra. Nice Rocha esclareceu questionamentos que muitos temos, até mesmo para entendermos se podemos estar emocionalmente frágeis ou não.

– Como saber que estou frágil emocionalmente?
“Quando nos encontramos num estado de fragilidade emocional, temos muita dificuldade em lidar com as situações do nosso dia-a-dia, por mais pequenas que sejam. Ficamos maioritariamente dominados por desconforto emocional, que nos impede de ter um discernimento correcto sobre a realidade em si, sobre os outros e sobre a avaliação das situações ou contextos. Nota-se uma dificuldade na percepção de emoções – capacidade para identificar, avaliar, e expressar as emoções com precisão; dificuldade em utilizar as emoções para facilitar o pensamento; dificuldade em compreender e analisar as próprias emoções e as dos outros, bem como dificuldade em regular reflexivamente as emoções de modo a promover o desenvolvimento emocional e intelectual. Nota-se uma clara dificuldade de gestão emocional.
Estamos frágeis emocionalmente quando o nosso comportamento e atitudes geram apenas sofrimento, insegurança e falta de controlo sobre nós mesmos; quando nos sentimos infelizes constantemente, quando as perspectivas emocionais são limitadas. Esse traço é, em alguns casos, sinal de algum distúrbio, tal como depressão, ansiedade, dependência emocional e stress.”
– Como reverter esta situação?
“Em primeiro lugar, ter consciência das nossas fragilidades emocionais, das deficiências que nos restringem e que nos provocam desconforto.
Em segundo lugar, é assumir um compromisso de auto-responsabilidade, uma vez que se sentem vítimas da sociedade, do ambiente, bem como das pessoas que os rodeiam. São pessoas caracterizadas por serem muito reactivas.
O ideal é fazer terapia, pois é necessário deixar para trás as experiências passadas e promover mudanças no presente. Deve ter-se em conta que todo processo de mudança é sempre acompanhado por uma sensação de medo.”
– O que é que mais afecta de forma negativa a saúde emocional?
“O nosso pessimismo, negatividade, rigidez mental, ou seja, falta de flexibilidade emocional. A falta de inteligência emocional e por fim a dificuldade de ultrapassar funcionalmente as dificuldades diárias, tanto a nível pessoal, familiar, social e laboral.”
– Existe uma idade determinada em que ficamos mais susceptíveis à fragilidade emocional?
“Não, isso pode acontecer desde a infância. Qualquer um de nós pode apresentar esse traço de fragilidade, condicionada pelos padrões familiares (educação), experiências ao longo da vida, convivências com algum tipo de abuso ou negligência num dado momento da vida.”
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