A psicóloga clínica Sandra Aragão alerta sobre o impacto das redes sociais para a saúde mental

Janilson Duarte
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Sandra Aragão é licenciada em psicologia, mestre em psicologia clínica e desenvolvimento humano; pós-graduada em gestão de ensino superior; e docente universitária.

“Com o avanço da tecnologia, há cada vez mais facilidade em conectar as pessoas entre si e com o mundo moderno. De alguma forma, isso proporciona inúmeras vantagens, mas por outro lado, o acesso desmedido à internet tem colocado grandes perigos à vida e à saúde mental das pessoas.

A relação entre as redes sociais e saúde mental tem sido actualmente um assunto de várias discussões entre médicos, psicólogos e sociólogos – e todos reforçam a importância de se procurar sempre estratégias de protecção da saúde da criança, adolescente, jovem e de adultos dominados pela doença do século, que é o vício pela Internet.

Para que se faça uso desta ferramenta,  é sempre muito importante fazer um uso racional; limitar o tempo de exposição; priorizar páginas que agreguem valores; evitar a exibição da intimidade na internet; monitorizar os sítios que as crianças e adolescentes costumam visitar; etc..

De acordo com a OMS, a saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar as suas próprias habilidades, recuperar-se do stress rotineiro, ser produtivo e contribuir com e para a sua comunidade. A saúde mental, ainda na pesrspectiva da OMS, é muito mais do que somente a ausência de doenças mentais.

O termo “saúde mental” surgiu em 1946, oferecendo um conceito de saúde inapropriado, tendo incluindo os aspectos físicos, mentais e sociais.

A saúde mental é de extrema importância, pois evita o desencadeamento de uma série de doenças, como depressão e ansiedade. Ela afecta de forma significativa o sistema imunitário e endócrino, aumentando ou diminuindo a produção de hormonas e interferindo na produção normal de neurotoxinas.

A saúde mental também pode ser entendida como o estado de equilibrio entre uma pessoa e o seu meio sócio-cultural.

Este estado permite ao indivíduo a sua participação laboral, intelectual e social para o alcance de um bem-estar e significativa qualidade de vida. A OMS assegura que não existe definição oficial de saúde mental, já que esta está e é sempre influenciada pelas diferentes culturas e pela subjectividade.

Rede Social

É uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações que compartilham valores e objectivos comuns.

Neste binómio há um impacto muito grande observado na relação redes sociais/ saúde mental e que tem como causa a dependência significativa das redes sociais. Os impactos referenciados são: ansiedade, depressão, isolamento social, obsessão, esgotamento, etc..

Importa salientar que o nosso cérebro é altamente sensível e é constantemente influenciado pelas variáveis do mundo exterior, logo, se os conceitos mudam, os contextos levam a que os cerebros também mudem.

Esta equação e alinhamento levam aos efeitos negativos, como ansiedade, culpa, depressão, incitação ao suicídio, excesso de informação e consequentemente falta de segurança pessoal – e em alguns casos, perdas financeiras e materiais.

É nosso entendimento que as redes sociais, enquanto ferramenta poderosa, permite uma interactividade entre as pessoas e consequentemente entre os vários povos do planeta, facilitando o intercâmbio cultural e não só.

Mas os usos constantes e desregrados deste instrumento de comunicação levam ao vício e à dependência emocional, o que faz e cria o adoecimento do ponto de vista mental, uma vez que neste processo o indivíduo envolve a percepção e também a memória, permitindo uma sensação de bem-estar causado pela dopamina, um neuro transmissor que tem o papel (no cérebro e no corpo) da sensação de prazer e bom humor.

Como dizia anteriormente, as redes sociais por si só não são tão negativas, desde que sejamos educados a usar como um instrumento facilitador dos processos já elencados.

Para isso, é muito importante e necessário escolher os momentos do dia para se conectar, sem prejudicar as outras actividades importantes também. Olhando para o marketing pessoal, deve sempre moderar a quantidade de publicações, praticar o networking, evitar publicações por impulso, principalmente em ambientes comprometedores.

Contudo,  há uma série de sinais que bos permitem perceber se esta está a afectar a saúde mental do indivíduo. Estes sinais são: gastar tempo desnecessário e significativo usando ou verificando as redes sociais, desejo compulsivo de entrar numa rede social em pouco espaço de tempo, permitir que as redes sociais interfiram na sua vida pessoal/ profissional ou escolar, entre outras situações.

Ao conjunto de sinais e sintomas num indivíduo que apresenta sensações, juntas ou isoladas pela falta de um telemóvel de forma compulsiva a psicologia denomina por monofobia.

Em conclusão, garantimos que a influência das redes sociais sobre a saúde mental é bastante significativa e depende grandemente da qualidade do conteúdo consumido e da exposição do individuo à rede. Na maior parte das vezes, este consumo desregrado provoca impactos desgastantes que podem exigir até terapias específicas para o restabelecimento do equilíbrio e o bem-estar emocional do indivíduo.

Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa insere-se na categoria de uma pesquisa qualitativa, quanto aos fins, é descritiva e quanto aos meios é de carácter explicativo. Quanto ao universo, foram estudantes de uma universidade privada em Luanda e a amostra, que foi significativa, obedeceu o critério da acessibilidade.

O tratamento de dados obedeceu à análise categorial de conteúdo, inspirado no modelo de Bardin (2004). Cada entrevista foi agrupada em três categorias, de acordo com as questões previamente definidas no guião da entrevista.

Finalmente, realizou-se a análise interpretativa da questão fundamental e construiu-se o texto, obedecendo assim à ordem cronológica do fenómeno”.

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