Há um surto da papeira em Angola e tem afectado principalmente crianças com menos de 10 anos. Pouco se sabe sobre como surgiu o surto, portanto em particular para adultos todo o cuidado é pouco.

A parotidite epidémica, ou papeira (também chamada de caximba), é uma doença infectocontagiosa, causada pelo “paramixovírus”, que se transmite por via respiratória, através de gotículas de saliva, ou nasais, que uma pessoa produz quando fala, tosse ou espirra, bem como através do contacto com objectos e superfícies contaminados. A sua maior incidência ocorre na transição de clima (verão-inverno, ou vice-versa) e afecta principalmente crianças e adolescentes.
O vírus é facilmente transmissível dois dias antes do aparecimento de sintomas e até quatro dias depois do seu desaparecimento. Quando o doente recupera, de um modo geral fica imunizado para o resto da vida, o que quer dizer que a papeira só se apanha uma vez.
Aproximadamente 20% das pessoas infectadas são assintomáticas, ou a papeira manifestar-se como uma infecção do trato respiratório. Nos casos em que ocorrem, geralmente iniciam-se 14 a 18 dias após a exposição a um doente com a doença. Os mais comuns são: febre, inchaço das glândulas salivares (surge aproximadamente no segundo dia e pode durar até 10 dias), inchaço na cara (principalmente zona das bochechas), dor ao mastigar e engolir, cefaleia (dor de cabeça), perda de apetite, fadiga e mialgias (dores musculares).
Não existe um tratamento específico para a caxumba. O tratamento é de suporte com paracetamol para reduzir a febre e para proporcionar alívio do desconforto generalizado; compressas mornas ou frias para aliviar a dor e o edema das glândulas parótidas; dieta mole para reduzir a necessidade de mastigação, devendo evitar-se sumos de fruta e bebidas ácidas que estimulam as glândulas salivares e que agravam as dores na glândula; compressas frias e apoio do escroto para diminuir a dor e o edema.
Existe é uma vacina para a parotidite, que está integrada no Programa Nacional de Vacinação e é uma vacina conjunta: sarampo, parotidite e rubéola. Esta vacina, de um modo geral, não é recomendada a mulheres grávidas e a pacientes que estejam a tomar determinados medicamentos, ou que sofram de doenças que suprimam o sistema imunitário. É também uma doença de evicção escolar obrigatória, ou do local de trabalho, por um período de, pelo menos, 9 dias a partir do aparecimento dos sintomas.
Papeira e a Infertilidade
Além das glândulas parótidas, o paramixovírus pode igualmente provocar sintomas noutros órgãos (principalmente nos testículos) e no sistema nervoso, causando dores localizadas, resultantes de inflamação ou infecção, de maior ou menor gravidade. Estas são mais frequentes nos adultos e em pessoas não vacinadas. A possibilidade de desenvolver infertilidade em decorrência da papeira existe principalmente para os homens.
Quando isso ocorre, há o risco de os testículos atrofiarem, ou de as glândulas espermáticas serem danificadas, prejudicando a produção dos espermatozóides e a qualidade dos mesmos. Em alguns casos, pode ocasionar uma dificuldade reprodutiva ou, até mesmo, a total esterilidade.
Isso acontece porque o vírus da papeira adapta-se bem às células que vivem nos testículos. Se as células forem afectadas, o sistema imunitário do homem passa a atacar esse local para proteger o organismo da infecção. E é nessa acção de autodefesa que a fertilidade do homem pode ser prejudicada. Se a inflamação afectar só um dos testículos, as chances de infertilidade são de 30%. Se afectar os dois, o homem tem 50% de hipótese de ficar com problemas.
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