Pré-eclâmpsia: uma das principais causas da mortalidade materna

Elisio Manzanza
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A gravidez é uma das fases mais especiais e delicadas da vida da mulher. No período do crescimento e desenvolvimento de um embrião dentro da mulher, podem surgir situações que colocam em risco a saúde da mãe, ou do bebé, sendo uma delas a eclâmpsia.

Pré-eclâmpsia (PE) é uma doença exclusiva da gestação humana e consiste num quadro clínico no qual se verificam níveis de pressão arterial elevados (hipertensão), associados à presença de proteínas na urina “superiores a 140 (pressão arterial sistólica) e 90 (diastólica), associados à presença de proteínas na urina”, afirmou Lígia Alves, directora do Hospital Lucrécia Paim numa entrevista ao Jornal de Angola.

Uma complicação da gravidez, a pré-eclâmpsia habitualmente surge na segunda metade da gestação, isto é, a partir das 20 semanas, ou pouco tempo após o parto (embora seja pouco comum, há situações em que a pré-eclâmpsia aparece pela primeira vez nas quatro semanas seguintes ao nascimento do bebé – neste caso, é denominada “pré-eclampsia pós-parto”).

Esta condição pode resultar em eclâmpsia (convulsões que podem levar à morte da mãe e do bebé). “A pré-eclâmpsia pode ter vários graus de gravidade e afectar vários órgãos do corpo. Com essas disfunções presentes, ou não, a doente convulsiona, ou está em coma, o que a leva à fase mais crítica da doença”, explicou a Dra. Lígia.

A maioria das mulheres com pré-eclâmpsia tem apenas sintomas leves, contudo, a gineco-obstetra considerou que a esta é uma patologia muito frequente na maternidade. “Temos recebido várias pacientes com baixo nível socioeconómico e boa parte delas não faz as consultas pré-natais, o que coloca a vida da mãe e do bebé em risco”. Embora muitas mulheres com pré-eclâmpsia não apresentem sintomas, com o aumento da gravidade, podem surgir:

  • Dor de cabeça forte
  • Problemas de visão, como visão desfocada, pontos escuros na visão, perda temporária de visão, sensibilidade à luz e flashes de luz
  • Vómitos ou náuseas
  • Dor imediatamente abaixo das costelas, habitualmente do lado direito
  • Inchaço súbito do rosto, mãos, tornozelos ou pés
  • Falta de ar
  • Aumento repentino do peso

A causa exacta da pré-eclampsia não é ainda conhecida, contudo, pensa-se que poderá estar associada à presença de alterações na placenta (o órgão que liga o organismo da mãe ao do bebé). No início da gravidez, são formados novos vasos sanguíneos com o objectivo de fornecer oxigénio e nutrientes à placenta; nas mulheres com pré-eclampsia, esses vasos sanguíneos parecem não se desenvolver ou funcionar como seria suposto.

Deste modo, podem ocorrer perturbações na circulação sanguínea na placenta, o que pode resultar em problemas a nível de pressão arterial na grávida e causar sofrimento no bebé em desenvolvimento.

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