Ontem, dia 8 de Abril, foi o dia Internacional do Cigano, e como tal, nada mais pertinente do que conhecer um pouco da história de um povo carregado de misticismo, magia e de estigmas.
Presentes em muitos países do mundo, tal como os judeus, os ciganos foram perseguidos pelo nazismo, mas não só: hoje muitos os temem, mas poucos conhecem a sua história e a sua cultura milenar.
O termo ‘’cigano’’ deriva do nome que foi dado a esses povos no Império Bizantino (Athingànoi) para designar uma seita herética perseguida. Mas os ciganos têm muitos nomes, talvez um para cada país pelo qual passaram.

Os diversos modos pelos quais esses povos são chamados referem-se, de facto, à história das suas andanças. Os franceses, por exemplo, chamam-nos de Bohémiens, porque quando chegaram à França vieram da Boémia (região hitórica da Europa Central) e receberam um passe do rei Boémio. Gitani e gypsies, como os ciganos de Espanha e dos países anglo-saxões são chamados, respectivamente, são nomes que surgem de uma identificação incorreta com o Egipto. Por outro lado, devido ao seu nomadismo, os ciganos atravessam muitos países e assimilam os costumes e tradições dos lugares onde residem temporariamente, tornando os traços da sua origem mais confusos. Isso explica por que geralmente é tão difícil indicar com precisão o local de origem dessas populações migrantes.
Os próprios chamam ao seu povo, o povo ‘’Rom’’, ou ‘’Manuš’’, ambas palavras de origem indiana, que significam “homem”, mais precisamente, “homem livre”. E é Roma (plural masculino de ‘’Rom’’) – ou mesmo Sinti, do vale de Sindh, no Noroeste da Índia – o termo usado hoje para definir essas populações, porque o termo ‘’ciganos’’ tornou-se uma expressão usada (por muitos) com intenção depreciativa.
Séculos de discriminação e perseguição empurraram o povo cigano e sinti para as margens da sociedade, tornando-o uma das minorias mais vulneráveis e desfavorecidas da Europa. Os episódios de racismo e discriminação contra eles são generalizados e muitos têm um acesso limitado a direitos e serviços fundamentais. As mulheres e meninas ciganas, em particular, são frequentemente sujeitas a múltiplas formas de discriminação e preconceitos.
Mas o que muitos não sabem é que a cultura Romnì (feminino, singular de ‘’Rom’’) contribuiu e contribui ainda imensamente para aquela que é a cultura Europeia e não só.
Se a Europa é um mosaico cultural e também um mosaico musical, e todo mundo é o guardião de ritmos e estilos que foram renovados ao longo dos séculos graças às influências orientais, africanas, americanas, etc., a este rico mosaico cultural europeu, que muda de cor e forma em todos os momentos, historicamente os Roma deram a sua contribuição com cores e formas distintas e ao mesmo tempo harmoniosas, que vão da Manouche de Jazz Francês ao Flamenco Espanhol, passando por interpretações em corte, populares e clássicas. A maneira inconfundível de fazer música pelos Roma, com os seus próprios ritmos, formas e interpretações desenvolveu-se de maneira diferente de acordo com a região e as condições históricas e sociais dos países que os foram acolhendo. A mina de fórmulas, ritmos, harmonias, melodias que eles produziram foi inteligentemente explorada por compositores famosos como: Listz, Brahms, Schubert, De Falla, Granados, Turados, Ravel, Debussy, Dvorak e muitos outros. Especialmente no período romântico, houve uma grande apreciação da cultura e da música dos Roma, mas esse mérito nunca foi lhes foi reconhecido.
Estereótipos e preconceitos representam filtros que modificam a nossa visão da realidade. A ignorância é o maior dano e, ao mesmo tempo, causador de danos! Pensemos o nosso mundo de maneira diferente!
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