Embora seja a fonte de grande mágoa e represente um golpe para a autoconfiança, baixo autoestima e até depressão em algumas pessoas, a verdade é que a maioria das relações não sobrevive a uma traição nos dias de hoje.
É sempre muito difícil alguém confessar que foi infiel a um parceiro, sobretudo se for alguém de quem ainda se gosta. Mas são ainda menos, as pessoas admitirem que continuam a amar o companheiro, mesmo sabendo que ele estava a ter ou tinha um outro caso amoroso.
Será que uma traição deveria ser, até então, o segredo mais bem guardado de sempre? Antes da internet e mais tarde, as redes sociais, talvez fosse simples esconder uma quebra do compromisso de fidelidade.
Para isso, bastava deitar fora os recibos de jantares, estadias em hotéis e viagens, limpando os borrões de batom e arejando a roupa para não ficar com o perfume de qualquer fragrância, rasgar a carta, mas porém, as novas tecnologias não permitem que as “facadas” no matrimónio sejam encobertas por muito tempo, funcionando simultaneamente como rastilho e prova.
Segundo a Psicóloga clínica, Telma Loureiro, cada vez mais, casais se divorciam por causa das redes sociais. “O que sucede é que o número de infidelidades é maior ou tornou-se mais fácil detectar sinais e aceder a conteúdos inerentes às traições. O primeiro confronto com essa realidade é o que dói mais, mas ainda assim, a maioria dos casais não se separa depois de uma infidelidade”, sublinhou a terapeuta de casais.
De acordo com a especialista, a reconciliação é possível, resta saber como a sociedade está preparada para aceitá-la. “São diversas razões que levam alguém a quebrar um compromisso de fidelidade. Muitas vezes, as pessoas traem por causa daquilo que a infidelidade lhes dá”, apontou Telma Loureiro.
O que constitui uma infidelidade?
“Muitos traem por ma razão específica. Fazem-no pela valorização pessoal, pela atenção, pela comunicação e por uma série de coisas que criam um nível de dependência muito grande”, reforçou a psicóloga clínica e terapeuta portuguesa defendendo que, se recuarmos 50 anos, provavelmente só era considerada traição quando um dos elementos do casal tinha relações sexuais com uma ou mais pessoas fora do casamento e sem o conhecimento ou a autorização do cônjuge.
Segundo a psicóloga, a partir do momento em que desenvolvemos o lado mais libidinal de uma atracção, já entramos num mundo que pode ser de traição.
Telma Loureiro opina que não é preciso chegar a ter relações sexuais com alguém fora do relacionamento amoroso, para se poder considerar uma traição, mas há pessoas que criam verdadeiros mundos paralelos à relação que têm. “Fisicamente, estão presentes, mas emocionalmente e psicologicamente, estão ausentes”, explicou a terapeuta de casais.
Questionada se considera traição, namoriscar, conversar, trocar mensagens sugestivas ou enviar fotografias ou mesmo, vídeos com um conteúdo erótico, se estas citações podem ser interpretadas como sinais de alerta. Telma Loureiro respondeu sobre os dois tipos de infidelidade: a emocional e a física.
“É importante distinguir entre atracção física e uma transgressão. Uma infidelidade é uma escolha”, referiu.
A especialista defende que, uma vez descoberta a infidelidade, o parceiro traído tem que tomar uma decisão. Perdoar ou colocar um ponto final na relação. Se ainda nutrir sentimentos pelo companheiro, pode haver lugar a incerteza e isso leva à partilha do seu sofrimento com amigos e familiares, mesmo até com gente desconhecida para saber o que deve-se fazer naquela situação.
Por outro lado, investigadores de três instituições americanas do ensino superior, nomeadamente Dylan Selterman, Justin Garcia e Irene Tsapelas descobriram que o motivo mais comum da traição é a insegurança.
A baixa autoestima é uma das causas individuais. As dúvidas quanto aos sentimentos do parceiro, por pensar que o seu amor não é correspondido. A continuidade do relacionamento, por considerar que os laços que os une, não são suficientemente fortes para justificar um compromisso de exclusividade sexual, é uma terceira.
Para chegarem a esta conclusão, os investigadores analisaram as respostas dadas por 495 pessoas num inquérito online.
Actualmente com a internet, as redes sociais e a proliferação de aplicações de engate, as coisas complicaram-se. Numa conferência da TED intitulada “Rethinking Infidelity” (Repensando a Infidelidade), em 2015, Esther Perel, terapeuta de casais e autora do livro “The State of Affairs” (O Estado do Caso), alertou para o facto, a definição de infidelidade continuar a expandir-se nos tempos que correm, através de sexo por mensagens, da visualização pornografia e da manutenção de perfis activos nos sites de encontros.
Fonte: Sapo Lifestyle
Comentários recentes