É um sonhador, amante da arte, angolano natural do Ambriz – Bengo – mas cresceu na cidade capital e hoje em dia reside no Brasil, já há nove anos.
Trata-se do coreógrafo e bailarino Dilo Paulo, jovem que muito tem feito a nível da expansão da dança além fronteiras.
Dilo foi um dos vencedores no concurso Bounce Angola, um Reality show promovido na altura pela Semba Comunicação, na TPA2, em 2011.
De lá para cá não tem parado no mundo da dança, sendo fundador do Intercâmbio de Dança Angola e Brasil junto a Lenna Siqueira.
O Intercâmbio de dança Angola e Brasil (IDAEB) é um projecto com uma larga zona de actuação que conta com a participação de profissionais de Angola e do Brasil.
Idealizado pelos bailarinos Dilo Paulo, de Angola, e Lenna Siqueira, do Brasil, o IDAEB almeja expandir a dança e os saberes culturais de ambos os países, criando um laço artístico entre esses dois povos.
Dilo em Angola já teve o prazer de trabalhar com vários cantores, entre eles Yola Araújo, Big Nelo, Adi Cudz, Pérola, Canícia, Coréon Dú entre outros.
Também já ministrou o workshop “Pesquisa Coreográfica” para alunos dos cursos de graduação em dança da escola de educação física e desportos (Departamento de Arte Corporal da UFRJ ) – 2013.
Chegoi mesmo a ser convidado pelo Programa Esquenta, da Tv Globo, a apresentar o programa “Dança Kuduro”.
1- Quando é que despertou o amor pela dança?
Com 13 anos decidi tornar-me um profissional na dança, como era muito tímido vi que a arte seria um óptimo caminho para aprender a expressar-me, falar sobre os meus sonhos e desejos.
E dar também a minha opinião sobre os acontecimentos no universo e incentivar outros jovens a potencializar a sua identidade.
2- Há quanto está no Brasil?
Estou no Brasil há 9 anos. Vim com objectivo de fazer a licenciatura em dança e acabei por ficar, devido às oportunidades de estudo e trabalhos que foram surgindo.
3- Como está a ser a experiência?
Está a ser incrível, a cada mês, a cada ano surgem novos desafios, novas oportunidades de crescimento tanto no lado pessoal como no lado profissional e a busca por conhecimento faz com que encontre caminhos para desenvolver os meus próprios projectos e compartilhar com outras pessoas e artistas que sonham em viver da dança também.
4- Do que mais sente saudades de Angola?
Da família, dos amigos e da energia, que só existe em Angola.
5- Pensa em regressar já para o país?
Penso em construir grandes projectos em Angola, por isso todos os anos estou em Luanda a realizar workshops e intercâmbios de dança.
Como ainda não existem grandes apoios para a cultura no nosso país, estou aos poucos a fazer os contactos e a pesquisar patrocínios e apoios para desenvolvermos projectos.
6- Está a par dos toques de dança feitos em Angola nos últimos tempos?
Sim, faço sempre aulas com outros profissionais quando estou em Angola, participo de aulas online e também tenho as minhas pesquisas.
Conhecermos o nosso corpo, as nossas possibilidades de movimento é o melhor caminho para estarmos sempre em desenvolvimento.
7- Como está ser este intercâmbio de dança entr Angola e Brasil?
O Intercâmbio de dança Angola e Brasil foi criado com o intuito de divulgar a dança e trocar saberes entre angolanos e brasileiros.
Possibilitar o crescimento dos movimentos corporais, o conhecimento da diversidade das manifestações dançantes, bem como a discussão e reflexão sobre dança e outras formas de arte feita nos dois países.
Eu e a minha companheira Lenna Siquera já realizamos 7 edições do festival, porém acreditamos que o festival vai crescer ainda mais quando tivermos os patrocínios certos.
8- E quais são os desafios que este projecto tem estado a enfrentar?
Por ser um projecto independente sem patrocínios, realizamos todas as edições com o nosso próprio dinheiro, faltam apoio de passagens aéreas e hospedagem para os professores.
9- Há alguma semelhança entre a dança Angolana e Brasileira?
Existe muita semelhança nas danças feitas em Angola e no Brasil, principalmente devido ao histórico que ligaml esses dois países.
As danças feitas em Angola servem de muita inspiração para outros artistas pelo mundo, por isso essa semelhança vai se tornando cada vez mais forte.
É uma pena que no nosso próprio país ainda não percebam a real importância e a potência da nossa dança, da nossa cultura.
Já estive em 14 países e vi que tudo quanto é feito em Angola é muito valorizado e respeitado, lá fora.
10- Sente-se como um embaixador da dança no Brasil?
Seria uma honra receber esse título e os benefícios consulares que ele poderia trazer para o desenvolvimento dos projectos que pensamos em construir.
11- O que significou o concurso Bounce na sua vida?
O Bounce com certeza abriu a porta do mundo para mim. Estar dentro do concurso já foi um grande aprendizado porque eram 20 concorrentes talentosos, os professores passavam-nos muito conhecimento e o prémio do concurso foi nos dado da melhor forma possível e isso permitiu-me realizar a licenciatura, a pós-graduação em diversas áreas e trabalhar com diversos artistas.
12- O que é que a dança representa para si?
É vida, é amor, é paixão, é desejo, é sabedoria, é liberdade, é responsabilidade, é prazer, é política.
13- Mudou a sua vida?
Continua a mudar, conheci-me através da dança, potencializo-me através dela e ajudo outras pessoas com ela.
14- No Brasil tem trabalhado com cantores de renome?
Já fiz a abertura do espetáculo chá da Anitta, fui coreógrafo da cantora Lucy Alves com a Bailarina Lenna Siqueira, trabalhei com a cantora Luciane Dom, Dream Team do passinho, Margareth Menezes, professora de dança da cantora Roberta Sa.
Além dos cantores, pude estar no programa “Encontro com a Fátima Bernardes” e no “Esquenta” da Regina Casé e participei da criação do Espetáculo que recebeu o prémio Benois de la Danse, considerado o Óscar da dança, com o espetáculo “Cão sem Plumas” em 2018.
15- Diferente de Angola, é possível viver da dança no Brasil?
Acredito que em Angola também é possível viver da dança, só que no Brasil apesar de todas suas dificuldades, a dança é tida como profissão, a minha companhia de dança “Corpus Entre Mundos” paga impostos como qualquer outra empresa.
Existem vários apoios e projectos para o desenvolvimento da arte e não preciso de responder mais à pergunta a qual muitos bailarinos em Angola estão cansados de responder: “além da dança, você faz mais o que?”.
16- Qual é o seu maior sonho?
Eu sou um sonhador, então tenho muitos sonhos e projectos, todavia o próximo passo dentro de 5 anos é aumentar ainda mais a minha plataforma digital de aulas online www.dilolenna.com.
Tornar a minha companhia de dança reconhecida mundialmente e ter uma sede em Angola.
Começar outros dois projectos, um em Luanda e o outro na minha terra, o Ambriz.
Conseguir apoios para ajudar na profissionalização das pessoas em Angola e conseguir que elas viagem também em vários países compartilhando os seus trabalhos.
17- Com que artista gostaria de puder trabalhar e por quê?
Cada artista novo com o qual tenho o prazer de trabalhar ou mesmo de conversar já acrescenta muito na minha vida, na minha carreira, mas seria uma honra que não conseguiria descrever fazer parte ou coreografar um grande espetáculo dos seguintes artistas: Bonga, Paulo Flores, Yuri da Cunha, Yola Semedo, Coréon Dú, Dom kikas
18- Como foi a experiência de apresentar o programa “dança Kuduro”, na Tv Globo?
Foi simplesmente incrível estar na Tv Globo e apresentar um pouco da dança Kuduro, foi outro nível de produção e valorização do trabalho do artista.
19- Como está o seu coração?
O meu coração esta óptimo (risos), estou num relacionamento com a minha companheira Lenna Siqueira.
20- É muito vaidoso?
Um pouco
21- O que não pode faltar no seu guarda-fato?
Um tecido africano e calça saruel
22- Cor favorita?
Azul, vermelho e preto.
23- Qual é a sua filosofia de vida?
Nunca desista dos seus sonhos.
24- Que conselho deixa o angolano amante da dança para quem lê a Chocolate Lifestyle Angola?
Busque sempre mais conhecimento em diversas áreas, acredite no seu potencial, tenha paciência, coisas grandiosas não acontecem da noite para o dia, somos movidos pelos nossos sonhos, então sonhe e procure caminhos para realizar os seus sonhos.
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