Proteja o seu filho pequeno contra o abuso sexual infantil

Janilson Duarte
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Aos 14 anos de idade, menina (hoje com 29 anos) pediu para que o namorado da época a engravidasse. Ser mãe precoce não era a sua vontade, mas sim uma estratégia para sair de casa e parar de sofrer os abusos sexuais praticados por um membro próximo da família.

Conforme relatou ao Jornal o tempo, “os abusos começaram quando eu tinha de 5 a 6 anos. A minha mãe começou levar-nos à Liga Mirim, um grupo de oração para crianças que ele coordenava. Logo ele conheceu a minha mãe e foi quando começou tudo”, conta.

Silmara conta que quando o abusador começou a namorar com a sua mãe ela tinha esperança de ter um pai, já que o pai dela tinha morrido. “Eu tinha nele a imagem de muito protector, achava que ele ia cuidar de mim, mas não foi nada disso. Virou um tormento”.

Relatos como este trazem à tona um medo que atormenta todo e qualquer pai ou mãe: ver o seu filho/a ser abusado/a sexualmente. 

A violência contra crianças é um importante problema de saúde pública. Estimativas recentes mostram que, em todo o mundo, cerca de 40.000.000 crianças, com idades entre 0 e 14 anos, sofrem de abuso ou negligência e requerem cuidados especiais de saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Entre Março de 2021 e Março de 2022 Angola registou pelo menos 4.706 casos de abuso sexual contra crianças, isto sem mencionar os possíveis casos não denunciados.

Quem é o abusador

A maioria dos casos de abusos reportados em todo o mundo são praticados por um membro da família como o próprio pai, o tio ou o avô. As crianças estão vulneráveis em todos os níveis, pois o lugar onde deviam receber amor e protecção é o mesmo onde os casos acontecem a níveis alarmantes.

Quando pensam em abusadores, os pais normalmente relacionam pessoas distantes, que tenham pouco ou nenhum relacionamento com a família – vizinhos, professores, cuidadora infantil ou um estranho – porém, o abusador está mais próximo do que julgam estar.  

O abusador em geral é alguém com quem a criança convive, em quem confia, com quem se sente segura e ama, por isso é hora de apagar a imagem de que se trata apenas de pessoas distantes que desejam fazer algum mal às crianças.

Como o abusador age    

Neste caso, por se tratar de alguém em quem a criança confia, o abusador usa isto para transmitir a ideia na criança de que práticas inapropriadas como passar as mãos em partes íntimas do corpo da criança são algo normal.

Aliado ao poder, que, como adulto e parente, exerce sobre a criança, domina-a, com palavras aliciantes e astutas como “as crianças boas fazem isto e não dizem à mamã”, ou chantagens como “se contares a alguém, vai acontecer isto”, deixando-as confusas e com medo.

Pergunte-se: “se algo parecido acontecer com o meu filho, será que ele vai conseguir resistir?”

Os seus filhos precisam de estar preparados, não deixe isto ficar no acaso, ensine ao seu filho a agir diante de episódios parecidos, saber dizer “não, eu não vou fazer isto” de modo firme é uma forma simples de afugentar abusador.

Ajude o seu filho a perceber quando alguém (um familiar ou não) começar a tocar o seu corpo de um modo inapropriado. Apesar da sua idade, o instituto da criança também funciona, por isso assegure-o a confiar e a seguir o seu instinto.

Seja aberto para estes assuntos, torne as linhas de comunicação o mais acessíveis possível, para que elas possam expressar sempre que notarem algo estranho. Aproveite relatos sobre casos de abuso e de forma simples e discreta pergunte se alguma vez já aconteceu o mesmo com ela.

O abuso sexual contra menores é um problema devastador que abala com a estrutura, a autoestima, o psicológico, além de constituir um sério problema à saúde das crianças. Toda e qualquer forma de abuso, seja em palavras ou na prática, são e devem ser considerados um acto abominável a ser combatido pela sociedade, começando nas famílias.     

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