A velha máxima de que o cabelo crespo é socialmente feio, refletindo os conflitos raciais existentes no mundo têm vindo a decair ao longo do tempo, pois agora, para além de ser um elemento identificador dos africanos, tem sido tendência e com uma boa receptividade pública.

O cabelo crespo vai além da estética e é um tema importante na construção da autoestima e da identidade da mulher negra. E além da beleza, ele também foi e continua a ser uma ferramenta de luta política. Por muito tempo, diferentes práticas contribuíram para a desvalorização do negro e das suas características, como o cabelo, enquanto havia (e há) uma superestimação da estética original do branco.
Vale ressaltar que o advento de vários movimentos ressuscitou o fascínio pelo uso de cabelos cacheados em texturas naturais, levando muitos a abandonarem as químicas capilares, compartilhar as suas experiências pessoais e discutir relações de género e raça.
Na década de 1960, o cabelo afro era um dos principais símbolos de grupos de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos, país que muito sofreu racismo – um dos símbolos mais famosos eram os o Black Panthers (Panteras Negras).
Os Panteras Negras eram motivados pela aceitação da beleza negra e o cabelo era parte integrante disto. As mulheres negras foram as protagonistas do movimento e saíram às ruas com os seus cabelos cacheados realçados pelo expressivo Black Power, para mostrar que a luta pela igualdade de direitos significa deixar os seus cabelos do modo que quiserem.
Mais do que simplesmente apreciar a estética do cabelo afro, o grupo incentivou as negras a deixarem de realizar procedimentos estéticos que diminuíssem as suas feições, como alisamentos – e chegaram a criar o lema “Preto é Bonito”, para reforçar tal posição.
Apesar dos esforços para com o cabelo natural afro, a discriminação ainda existe. Por isso, a existência de grupos cuja meta é valorizar a beleza dos cabelos cacheados e – portanto – a beleza dos negros é não só importante, mas urgente!




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